Seis organizações agrícolas consideraram hoje insuficiente a proposta da Comissão Europeia para reforçar o controlo das importações da Ucrânia e entendem que “a viabilidade” do setor está comprometida.
O principal grupo de pressão do movimento associativo agrícola europeu, o Copa-Cogeca, e cinco organizações setoriais – beterraba, cereais/oleaginosas, ovos e aves – ameaçaram com mais manifestações se as restrições às importações oriundas da Ucrânia não forem reforçadas de forma drástica.
A Comissão Europeia propôs, no final de janeiro, a renovação por mais um ano da isenção de direitos alfandegários atribuída á Ucrânia, desde a primavera de 2022, para piar o país em guerra, devido à invasão russa.
Mas acrescentou-lhe “medidas de salvaguarda” para limitar o impacto das importações.
Assim, “medidas corretivas” poderiam ser adotadas em caso de “perturbações importantes” de mercado. Em relação a três produtos – aves, ovos e açúcar – um “travão de emergência” estabilizaria as importações nos volumes médios de 2022-23, além dos quais os direitos alfandegários seriam repostos.
Em comunicado comum, estas organizações consideraram que “se o texto proposto permanecer sem alterações, a viabilidade económica dos setores europeus das aves, dos ovos, do açúcar, dos cereais e do mel vai ficar ameaçada”, sob a pressão de uma concorrência ucraniana barata.
O limite proposto para três produtos corresponde a volumes elevados “que precisamente provocaram” a crise atual, enquanto “não está prevista qualquer restrição [automática] para os cereais e o mel, apesar da importante capacidade de produção ucraniana”, avançaram.
A concorrência considerada desleal por estas organizações das importações ucranianas é um dos principais motivos de contestação das manifestações de agricultores, que se têm verificado na Europa desde janeiro.
As seis organizações afirmaram que “os agricultores da Roménia, Bulgária, Polónia, Hungria e Eslováquia estão a vender os seus produtos a preços cerca de 40% inferiores ao preço de mercado, quando os conseguem vender (…). Milhares de explorações estão confrontadas com uma ameaça iminente de falência”.
Adiantaram ainda que este problema começa a afetar a França, a Bélgica, os Países Baixos, a Alemanha, a Áustria (…) onde os produtores de cereais, de aves e açúcar estão a sofrer uma pressão importante” de importações que “não respondem às normas ambientais e sociais” europeias e “afundam os preços”.