O Governo são-tomense quer intensificar a transição para a agricultura 100% biológica com a utilização de produtos naturais locais e importados nos países africanos com características agrícolas semelhantes, disse o ministro da Agricultura, em entrevista à Lusa.
Abel Bom Jesus assegurou que “o Governo tem programas de créditos que já vinham sendo implementados e que agora estão a ser melhorados” para colocar à disposição dos agricultores e pescadores para “poderem melhor trabalhar” e ajudar a “alavancar a economia” no arquipélago.
Indicando as prioridades para os próximos anos, o Governante disse que quer fomentar a formação de agricultores e promover o uso de composto orgânico em detrimento do adubo (fertilizantes e insumos) e ração animal importados e que têm escasseado no mercado.
Abel Bom Jesus referiu que o Governo já enviou equipas para os Camarões para identificar fertilizantes biológicos, tendo em conta a semelhança climática das terras agrícolas entre os dois países.
“Nós estamos a trabalhar para mudar esse quadro negro, já temos contactos feitos nos Camarões […] uma das barreiras é a questão das divisas, mas o Governo está a tratar disso”, sublinhou.
Além da falta de insumos e ração animal, muitos agricultores, incluindo o próprio ministro, têm sido vítimas de furtos nas terras agrícolas, uma situação que impera o fomento da produção.
“Eu fui, eu sou e se o país continuar como está, sempre continuarei a ter esse problema [de furtos] […] quando há dificuldades, quando há injustiça social cresce e aumenta a onda da violência, com o furto, com o roubo, com outros crimes e o Governo sabe a responsabilidade que tem” disse Abel Bom Jesus.
O ministro apelou à população para que denuncie autores dos furtos e acrescentou que o Governo está “a sincronizar os mecanismos legais já existentes” porque a forma como a lei contra o furtos na agricultura foi estruturada “leva muito tempo” para que se resolvam os problemas.
Abel Bom Jesus disse que há “muitos técnicos que abandonaram o ministério por má condução dos trabalhos e também por falta de incentivos”, uma situação que quer mudar nos próximos tempos.
Afirmando-se como “agricultor moderno”, Abel Bom Jesus disse que quer partilhar as suas experiências para ajudar os outros agricultores a trabalharem “mais e melhor” promovendo mais formação.
“Já está mais do que claro que em São Tomé, sobretudo agricultores, pescadores, ‘palayês’ (vendedoras de peixe), precisam de mais formação, porque nem sempre começamos negócio com grandes valores monetários”, sublinhou.
Hoje é feriado nacional em São Tomé e Príncipe por ocasião da nacionalização das roças coloniais que ocorreu no dia 30 de setembro de 1975.
O dia será assinalado com uma feira agrícola na capital do país organizada pelos agricultores com o apoio do Ministério da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural.