Desde os anos 60, o consumo de água por hectare reduziu-se para metade, mas as alterações climáticas e os hábitos dos consumidores são obstáculos à sustentabilidade. A tecnologia poderá ajudar a encontrar soluções.
A água não é tão escassa como comumente se afirma, mas é preciso perceber como é distribuída para a produção agrícola, afirma José Núncio, presidente da Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal, ao Jornal Económico (JE).
“Regar é uma fatalidade e nós, os mediterrânicos, temos de regar para produzir culturas”, diz, explicando que, ao contrário do que acontece no centro da Europa, a produção agrícola na bacia mediterrânica enfrenta picos de necessidades de rega, por causa da pouca chuva no verão. A solução passa pela utilização de barragens e José Núncio destaca o sucesso do Alqueva, mas aponta a existência de necessidades estruturais. Um estudo da Fenareg, de junho, aponta que na bacia do Tejo apenas se aproveita 20% da escorrência do rio e ainda assim a água está poluída, que Castelo de Bode está reservada para o abastecimento de água potável a Lisboa e que as bacias hidrográficas estarão subaproveitadas: a do Cávado apenas está aproveitada a 50%, a do Mira a 73%, as ribeiras do Algarve a 58%, a do Vouga a 4%, a do Mondego a 11% e a do Sado a 30%, segundo dados do Plano Nacional da Água de 2016.
João Miguel Pereira, gestor da TerraProjetos, defende que a água “é o desafio do século XXI, porque sem água não há agricultura”. “[A humanidade] está a ser confrontada com profundas alterações climáticas e para termos uma agricultura competitiva teremos de ser economicistas e ter água disponível. Aquilo que precisamos é um melhor uso da água, com o seu uso de forma racional, sendo que a agricultura é o maior reciclador de água”, […]