O Fundo Global para o Ambiente disponibilizou cinco milhões de euros para o financiamento de um novo projeto de restauração da floresta são-tomense hoje apresentado, para garantir a sustentabilidade e biodiversidade do arquipélago.
O Projeto de Restauração de Ecossistemas para Maior Biodiversidade, Paisagens Produtivas, e Meios de Subsistência Sustentáveis começará a ser executado a partir do próximo ano, tendo sido hoje apresentado em São Tomé pelo Fundo das Nações Unidas para a Agricultura (FAO), enquanto gestor da iniciativa, num atelier para a definição de ações a serem executadas.
“Temos em princípio a possibilidade de mobilizar cerca de cinco milhões de dólares e o exercício que vamos fazer a partir de hoje […], com apoio de todos, vamos identificar e validar as atividades que vamos desenvolver no próximo projeto”, disse Argentino Pires dos Santos, assistente do representante da FAO para São Tomé e Príncipe.
Desde 2018 que a FAO financia a restauração das florestas de São Tomé e Príncipe através do Projeto TRI – Restauração da paisagem para a funcionalidade do ecossistema e mitigação das mudanças climáticas em São Tomé e Príncipe, sendo que o novo projeto dará continuidade às ações do anterior.
A nova ministra do Ambiente, que passará a tutelar a Direção das Florestas, sublinhou que “o país apresenta uma importante riqueza de espécie de fauna e flora”, que oferece serviços ecossistémicos essenciais, nomeadamente, “controle da erosão, a manutenção da qualidade da água e serve ainda como um grande atrativo para o turismo, que contribui significativamente para a economia do país”.
Nilda da Mata disse que o Governo definiu a “reflorestação e a restauração de florestas e de paisagens como prioridade estratégica para os próximos anos”, face às “ameaças e aos grandes desafios ambientais, resultantes quer da desflorestação, da extração descontrolada de inertes, principalmente nas zonas costeiras, da poluição marinha e das mudanças climáticas”.
O ministro da Agricultura, Abel Bom Jesus, que liderou até agora o setor das Florestas, defendeu a melhoria da gestão da floresta, alertando para os efeitos da desflorestação que vem acontecendo no país.
“Mesmo fazendo a agricultura temos que respeitar a floresta, aliás esses dias estamos a sentir o rescaldo daquilo que é a invasão do homem à floresta. Há muito calor, a temperatura está muito alta”, sublinhou Abel Bom Jesus.
O ministro considerou ainda “importante trabalhar na parte da prevenção”, criando alternativas para os que vivem e sobrevivem das florestas, nomeadamente através do corte de madeiras para comercialização ou para produzir o carvão.
“Impedimos o homem de entrar na floresta para abater árvores, temos que dar-lhes algo em contrapartida, porque, se não, mesmo que seja algo proibido, ele precisa manter a sua subsistência, ele vai lá mesmo que for na calada da noite”, alertou Abel Bom Jesus.
O ministro da agricultura disse que esta tem sido uma preocupação do Governo.
“Nós já temos um conjunto de animais, ovelhas e cabras, que nós vamos entregar aos carvoeiros brevemente para podermos dizer-lhes que nós não só estamos a proibir, mas como também temos a solução para que eles encontrem uma outra forma de ganhar a vida e assim, facilitar o nosso trabalho”, disse o ministro.
Na terça-feira, a direção das florestas são-tomense denunciou o abate ilegal de árvores em grande proporção em São Tomé, apesar da intensificação das campanhas de sensibilização e fiscalização promovidas pela instituição.
“Os infratores agora deixam destacados em quase todos os pontos alguém com um telemóvel e, qualquer movimentação que esta pessoa nota, quem está no terreno, já é informado […] O mais curioso é que, mesmo aqui à frente da nossa direção, também existe espiões que ficam aqui a notar a nossa movimentação”, disse à Lusa, diretor das florestas, Adilson da Mata.