A base do modelo futuro de ocupação e sustentabilidade do território rural português já existe. Resulta de uma conjugação equilibrada entre floresta e agricultura, é eficaz e eficiente, promove a sustentabilidade social e respeita o ambiente. Tem por base duas premissas – viabilidade económica e gestão activa.
Uma parte importante do território de Portugal é já gerido com base em actividades económicas viáveis. São produções florestais e agrícolas certificadas, com uma aposta nas florestas com gestão certificada FSC e PEFC e em culturas agrícolas em regime de Produção Integrada ou Produção Biológica. Trata-se de uma resposta clara às preocupações da sociedade de mais segurança alimentar, mais diversidade de escolha e maior respeito pelo ambiente.
Percorrendo o caminho que a sociedade prega, mas que nem sempre pratica, os agricultores produzem com menor pegada carbónica, menos água e maior biodiversidade, ao mesmo tempo em que apostam em mais tecnologia e conhecimento.
Para reforçar este caminho de sucesso e potenciar um território em que a economia verde – de baixa emissão de carbono, eficiente no uso dos recursos e socialmente inclusiva – seja uma realidade ainda mais presente, Portugal precisa de assegurar um conjunto de acções:
1. A rede estratégica de faixas de gestão de combustíveis, diminuindo o risco de incêndio e resolvendo o incomportável ónus de protecção civil colocado sobre os proprietários rurais;
2. A adequada transmissão de valor à base produtiva, assegurando um preço justo pela produção primária;
3. A alteração do paradigma de gestão do minifúndio, contornando a falta de dimensão da malha fundiária, que na floresta é especialmente grave, apostando em soluções territoriais de que as Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) são um exemplo provado;
4. O aumento da reserva estratégica de água – de fins múltiplos, mas com foco no regadio – potenciando a resiliência às alterações climáticas;
5. O fortalecimento do papel único dos sistemas agro-florestais mediterrânicos, domínio onde o sobreiro – a árvore nacional – é elemento fulcral, distintivo e montra de sustentabilidade.
Por razões de todos conhecidas temos hoje hipótese de o fazer: os problemas estão identificados e quantificados, temos um prazo temporal para cumprir e existem fundos disponíveis.
Se queremos um território social e ambientalmente mais sustentável precisamos de mais árvores, no sítio certo, e de mais água, que utilizaremos eficientemente. E não poderemos apontar responsabilidades a terceiros se falharmos neste objectivo.
Temos que pôr mãos à obra, porque como canta Chico Buarque: “… está provado que quem espera nunca alcança!”
Temos que pôr mãos à obra, porque como canta Chico Buarque: “… está provado que quem espera nunca alcança!”
O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico
* António Gonçalves Ferreira, Vice-Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e Presidente da UNAC – União da Floresta Mediterrânica
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