Sem maneira de escoar as flores e plantas ornamentais, produtores falam em quebras de 70% na faturação.
Nos corredores dos viveiros Monterosa, há centenas e centenas de vasos de flores que vão para o lixo. “Estas cor-de-rosa não têm qualquer aproveitamento, as brancas vão para o lixo.” Eduardo Martins passa pelas plantas e lamenta: ” Isto é horrível.”
Depois de meses a plantar e a tratar das flores ornamentais que seriam vendidas agora, durante a primavera, os produtores veem-nas definhar. Sem mercado para as escoar, irão deitar grande parte para o lixo. O sócio gerente dos Viveiros Monterosa e também vice-presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Plantas e Flores Naturais (APPP-FN), admite que a sua empresa vai ter quebras acentuadas. Entre março e junho fazia cerca de 70% da faturação, mas este ano não vai ser assim. “A faturação vai ficar-se talvez por 1/3 do que estávamos à espera”, admite.
Destas plantas, cerca de 50% destinavam-se à exportação para países como a Holanda, Alemanha, Inglaterra e França, mercados que estão quase parados.
Os viveiros Monterosa, situados em Moncarapacho, são das maiores empresas do ramo do país, mas já tem os seus trabalhadores em lay-off, uma situação que a administração não quer prolongar por muito tempo. Espera retomar em breve o ritmo habitual de trabalho.
Se as quebras das vendas rondam os 70%, a nível nacional o panorama é idêntico. Um setor que emprega cinco mil pessoas e tem um volume de negócios de 600 milhões de euros este ano não deverá ultrapassar os 300 milhões.
Mesmo assim, nos armazéns da empresa, 30 trabalhadores arranjam os vasos, veem se as plantas estão viçosas porque elas vão seguir de camião para todo o país, para uma grande cadeia de hipermercados. Os produtores esperam que a recuperação não tarde e que as flores sejam motivo de alegria e cor nestes dias cinzentos. “São plantas bonitas que espero que sejam bem vendidas, até porque vem aí o Dia da Mãe.”
Produtores pedem subsídio a fundo perdido pela retirada de plantas e flores do mercado
“Estamos com perdas de produção muito grandes e com destruição de produto elevadíssimo”, afirma o vice-presidente da APPP-FN . Por esse motivo, os produtores querem que o Governo financie a fundo perdido a retirada de plantas. Esse financiamento a fundo perdido “já está a acontecer” na Holanda, “o ministro holandês já disse que ia ajudar os produtores mas em Portugal não temos essa garantia”, afirma Eduardo Martins. “Isso é fundamental para que nos aguentemos numa crise destas”, sublinha.
O artigo foi publicado originalmente em TSF.
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