Plantas mais eficazes traduzem melhores resultados, que é como quem diz aumentos de produção. Mas há uma preocupação paralela: não fazer pressão sobre o meio ambiente e sobre os recursos. É esta a perspetiva da FertiPower em termos da oferta de mercado.
Da junção de capital turco, belga e suíço (que em 2018 passou exclusivamente a suíço) nasceu a “versão” ibérica da FertiPower, na altura praticamente só com o objetivo de trazer para este mercado o “Flavonin Agro Complet”. O processo começou em 2017 mas há barreiras legislativas (que estão em processo de alteração) que neste momento impedem a comercialização do produto na categoria que os responsáveis querem inseri-lo: “bioestimulante”. Enquanto aguarda pela coqueluche, a empresa, especializada na comercialização de fertilizantes, introduziu no mercado duas novidades: o “Flavonin Agro Ferti Plus” e o “Algipower”. Estes, embora enquadrados em categorias de produtos já existentes, “trouxeram inovação ao que já existia no mercado”, assegura o gestor de vendas da FertiPower, Vasco Neves.
Referindo-se ao “Algipower”, o responsável explica que se trata de um fertilizante produzido a partir de extrato concentrado de algas Ascophyllum nodosum, apresentando sob a forma de pó solúvel concentrado. O objetivo, diz, é obter benefícios em termos de custos para o produtor, que só tem de fazer a diluição, “o que é um processo relativamente simples”. Regulamentado para utilização em modo de produção biológico vai ao encontro da estratégia de mercado da FertiPower que passa precisamente por estar na linha da frente em todo o tipo de soluções para a agricultura biológica, mas que ao mesmo tempo também sejam interessantes para a agricultura convencional.
Já o “Flavonin Agro Ferti Plus” é um complexo inovador constituído por ingredientes naturais, destinado a corrigir carências nutricionais, e que por aplicação passam a fazer parte do metabolismo das plantas.
Porquê esta aposta? “Porque é consensual que os bioestimulantes são uma das armas futuras para o desenvolvimento agrícola”, responde rapidamente o técnico, que também é agricultor. “Até agora tem-se apostado em incrementar fatores de produção, melhoria genética das plantas, (…) mas tudo isso tem limitações. O que não foi desenvolvido foi a eficácia da planta e é aí que trabalham os bioestimulantes, com a vantagem de não representarem mais consumo de recursos”.
Como já foi referido, a estratégia inicial da empresa era avançar apenas com um produto, mas o mercado pediu mais e está a procurar outro tipo de fertilizantes, dentro da sua linha orientadora.
Dada a juventude da empresa, constituída em 2017, e o mau ano agrícola de 2018 a conquista de distribuidores está a acontecer lentamente. Sendo produtos muito técnicos, que quase têm de ser vendidos individualmente a cada produtor, para já optou-se por uma aposta mais forte onde se considerou existirem maiores áreas, quer de potencial consumo, quer de escala. Isto é, o Ribatejo, Algarve e o Alentejo. Em muitos casos é o próprio gestor de vendas que está a contactar diretamente os produtores e a fazer a respetiva distribuição, sobretudo no Ribatejo.
Neste momento a FertiPower tem um distribuidor em Paredes de Coura, distribuição no Algarve através da Messinagro e alguns pequenos distribuidores locais no Ribatejo, reforçados pelo trabalho de Vasco Neves. Obviamente que o objetivo é passar a trabalhar com distribuidores locais, oferecendo-lhes algum grau de exclusividade por região. Há ainda a venda online, numa escala mais reduzida, onde é notória “uma crescente preocupação com a redução de utilização de produtos químicos que vai para além das questões de segurança alimentar, como é o caso das flores”.
E se uma das apostas da empresa é a floricultura, seguem-se imediatamente as hortoindustriais, nomeadamente o tomate (mas também em estufa) onde está a colher bons resultados, com aumentos de produção que Vasco Neves reporta entre os 10 e os 20%. “Sem um efeito visível muito notório nas plantas a ação do produto acontece no seu processo interno e traduz-se depois no resultado final que no caso do tomate é a concentração da maturação à colheita (menos tomate rejeitado)”.
Uma diversidade de culturas em ensaio
Para consolidar resultados e promover mais ensaios noutras culturas, a FertiPower procurou uma associação interessada, neste caso a Torriba, com objetivo de credibilizar ainda mais os dados obtidos. Já há ensaios a decorrer e outros estão a ser preparados em ervilha, tomate, batata, pimento e amendoim.
Depois, de uma forma mais individual, tem-se procurado que produtores de todas as culturas experimentem o produto como já aconteceu na amêndoa de indústria, olival, romãzeira, abacate, pequenos frutos (…).
Além da venda do produto a empresa também presta assistência, por enquanto ainda possível dada a proximidade de Vasco Neves. Quando não pode ser presencial o apoio faz-se à distância.
Olhando para o caminho já percorrido, Vasco Neves admite que sempre teve consciência de que a introdução de um novo produto no mercado leva o seu tempo, por isso considera que a evolução é positiva. Distingue ainda que 2018 foi um ano de pequenos ensaios com um pequeno número de produtores, 2019 é um ano de médios – pequenos ensaios mas com um grande número de produtores e com a perspetiva de que 2020 seja um ano de evolução, com os objetivos a começarem de ser atingidos. Um desses objetivos é que o Flavonin venha a ser aquele produto que todos conhecem, sabem para que serve e em que circunstâncias pode ser utilizado.
Para ler na íntegra na Voz do Campo n.º 227 (junho 2019)
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