“Pastor por um dia” é o nome da iniciativa que surge com o objetivo de estender ao turismo e à educação ambiental o projeto de contenção de fogos florestais lançado em 2016.
“Durante três horas, nas manhãs de domingo, vamos passear o rebanho. Primeiro, os participantes assistem aos cabritos a mamar e depois saem com o pastor e as cabras para o mato. É uma forma de as crianças saberem o que é uma cabra, de onde vem um cabrito e de onde vem o leite”, explicou à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Serro Ventoso, responsável pelo projeto de “cabras sapadoras”, em parceria com a associação Vertigem.
Segundo Carlos Cordeiro, os passeios com o rebanho – atualmente composto por cerca de 60 animais – são “um incentivo ao turismo e à pedagogia”, mas vão ainda “ajudar a espairecer quem anda a viver fechado em apartamentos há meses”, porque permitem “respirar o ar da serra”.
“Pastor por um dia” pretende também mostrar os efeitos deste método de prevenção de fogos florestais através do pastoreio de cabras, que valeu à Junta de Freguesia uma menção honrosa atribuída pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil no Fórum Europeu
para a Redução de Riscos de Catástrofes.
“Ao fim de cinco anos vê-se bem a diferença no terreno onde as cabras pastoreiam e onde não pastoreiam”, frisou o autarca, que lamenta não haver mais rebanhos e pastores no PNSAC.
“Há 50 anos havia vários rebanhos e eram um meio de subsistência das famílias. Mas isto está a acabar, não se arranjam pastores”, lamentou Carlos Cordeiro, que considerou a experiência “bastante positiva”, defendendo a sua replicação.
Além de ajudarem a manter os terrenos limpos, criando faixas de contenção de incêndios, os rebanhos permitem “criar postos de trabalho, multiplicar os animais e vender os cabritos para o mercado alimentar e, ainda, vender o estrume”.
Além disso, nesta freguesia de Porto de Mós, os animais têm a alimentação reforçada com os sobrantes hortícolas de um dos supermercados da vila, “desperdícios que iriam para o lixo e que assim são reaproveitados”.
“Isto é quase uma brincadeira e não dá lucro à freguesia. Mas é um exemplo de que há alternativas. Sobretudo serve para mostrar aos ‘governantes de secretária’ que dão rios de dinheiro para limpar a floresta com ações que, ao fim de um ano ou dois, se transformam em fumo. É preciso limpar tudo outra vez”, criticou Carlos Cordeiro.
As saídas com o rebanho de Serro Ventoso são limitadas a 20 participantes e podem ser reservadas com a Junta de Freguesia (244 491 555) ou associação Vertigem (927 992 386), com um custo de cinco euros por pessoa.