O valor das exportações de vinho de Portugal para Angola recuou 10,5% em 2023 devido a fatores como a desvalorização do kwanza, aumento de preços e escassez de divisas, disse à Lusa a diretora de marketing da Viniportugal.
Entre janeiro e dezembro de 2023, Portugal vendeu a Angola, que se mantém como 8.º destino de exportação, 338.552 hectolitros de vinho (-0,2% face ao período homólogo), no valor de 44 milhões de euros (-10,51%), a um preço médio de 1,30 euros por litro (-10,33%).
Em declarações à Lusa, em vésperas da Grande Prova de Vinhos, que decorre em Luanda entre quarta-feira e quinta-feira, Sónia Vieira indicou que a diminuição das vendas está relacionada com a desvalorização do kwanza e com o aumento dos custos dos bens que provocou uma retração no consumo.
“Acrescentaria também um detalhe que é a grande dificuldade em ter moeda para pagamento ao mercado externo”, com impacto nos fluxos financeiros e nas importações a partir de Angola, destacou.
Nos primeiros três meses deste ano, segundo Sónia Vieira os números mantêm-se em linha com os do ano anterior.
“São três problemas que interferem no mercado”, sublinhou, indicando que Portugal continua a liderar com 84% de quota no mercado angolano.
“Temos de olhar com atenção para este problema, especialmente porque os produtores deixam de poder enviar vinho para o mercado [angolano] porque os importadores não têm capacidade de pagar”, reforçou.
Por outro lado, não sendo o vinho um produto essencial, “com o aumento do custo de vida, verifica-se uma retração de bens considerados não essenciais”, salientou, acrescentando que a perspetiva continua a ser otimista.
“Temos uma postura positiva, de que as coisas vão melhorar. Já assistimos no passado a estes fluxos económicos de retração que depois se alteram , portanto acreditamos que o cenário ao longo do ano mudará”, afirmou à Lusa.
Esta ida ao mercado é também “uma forma de auscultar as principais dificuldades dos importadores e obter uma visão mais clara sobre quais as perspetivas de futuro”.
A responsável da ViniPortugal adiantou que, este ano, a Grande Prova foi “reformulada”, aproximando-se de um formato de festival com “algumas novidades para acrescentar valor à prova”, entre as quais um jantar harmonizado com vinhos portugueses com o futuro “Master of Wine, Tiago Macena, e com o chef angolano Helt Araújo, e uma Master Class para profissionais, bem como um ‘show cooking’ para os consumidores.
Em Luanda, vão estar representados 22 produtores com cerca de 220 vinhos à prova, de sete regiões vinícolas.
A ViniPortugal é uma organização interprofissional que gere a marca Wines of Portugal, presente em quatro continentes e 21 mercados estratégicos, entre os quais Angola.
Com um investimento anual superior a oito milhões de euros, realiza anualmente mais de 100 ações de promoção dos vinhos portugueses, envolvendo mais de 400 agentes económicos nacionais.