As florestas, e em especial o eucaliptal, são sumidouros de CO2 essenciais para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
É o CO2 que as árvores retiram da atmosfera, através da fotossíntese, que lhes permite crescer, pois é do dióxido de carbono, água e nutrientes que obtêm glicose, o açúcar de que se alimentam e com o qual formam a matéria de que são feitas (biomassa), que é cerca de 50% carbono. Assim, quanto mais depressa crescem, mais dióxido de carbono as árvores consomem e armazenam.
O eucalipto, enquanto espécie de elevada produtividade, que cresce bem e rápido, tem assim um excelente desempenho ao nível do sequestro de carbono e da consequente mitigação das alterações climáticas causadas pelos gases com efeito de estufa. Por hectare e por ano, o globulus, um eucalipto bem-adaptado ao solo e ao clima nacionais, sequestra cerca de 11,3 toneladas de CO2, a taxa mais alta entre as espécies presentes na floresta nacional. “É conhecido que, numa área idêntica, o globulus sequestra três vezes mais carbono que o pinheiro e sete vezes mais que o sobreiro”, afirma Carlos Pascoal Neto, diretor-geral do RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, um laboratório de I&D detido pela The Navigator Company, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra e Universidade de Lisboa, através do Instituto Superior de Agronomia. Um dado relevante, tendo em conta que o Plano Nacional de Energia e Clima 2021-2030 refere que não basta reduzir emissões e que a floresta nacional, que absorve anualmente 8,7 milhões de toneladas de CO2, terá de passar a reter 12,7 milhões de toneladas até 2030.
O importante fator solo
Outro fator importante a ter em conta no fluxo de carbono das florestas é da responsabilidade do solo, graças à biomassa vegetal que cai das árvores, correspondente à ciclagem geoquímica (transferência de nutrientes entre a planta e o solo), e, no caso das plantações com exploração comercial, aos sobrantes do corte que permanecem no terreno.
Daniela Ferreira, da equipa de I&D de Investigação e Consultoria Florestal do RAIZ, explica: “Parte do carbono sequestrado vai ficar no ‘sistema’ – primeiro nas plantas, de seguida na biomassa remanescente após o corte, e depois no solo, através da decomposição destes materiais orgânicos e respetiva incorporação na matéria orgânica”. Assim, diz, “quanto melhor for a gestão florestal, nomeadamente em termos de conservação da matéria orgânica do solo, mais carbono conseguimos manter no ‘sistema solo-planta’, aumentando o seu nível no solo e, em consequência, o sequestro de carbono da atmosfera”.
Nota: Este artigo foi originalmente publicado na revista nº 11, de setembro de 2023, que pode descarregar e ler, na íntegra, aqui.
No caso de culturas com gestão em talhadia, como o eucalipto, em que uma única instalação do povoamento pode perdurar no terreno entre 20 e 30 anos (com rotações de 10-12 anos), a incorporação de carbono no solo é favorecida. Tal está relacionado com um intervalo mais alargado entre as práticas de preparação do terreno e mobilizações de solo, ajudando a minimizar impactos ambientais relacionados com a perturbação do solo, otimizando, assim, as condições de armazenamento de carbono.
Um estudo de referência realizado no sul de Portugal, em 2007, por J. S. Pereira e outros, que contabilizou os fluxos de carbono de três ecossistemas mediterrânicos – eucaliptal, pastagem e montado de sobreiro –, demonstrou a vantagem da floresta e, dentro desta, do eucalipto. O eucaliptal analisado, na Herdade de Espirra, da The Navigator Company, permitiu fixar 10 a 13 vezes mais carbono em anos secos e quatro a seis vezes mais em anos chuvosos do que o montado e a pastagem.
A ciência comprova, assim, a importância dos projetos de plantação florestal do ponto de vista de sequestro de carbono. Não só permitem a acumulação de CO2 durante o crescimento das plantas, como possibilitam o enriquecimento dos solos em matéria orgânica. Mas não acaba aqui: os produtos originários destas florestas plantadas, como o papel ou o mobiliário de madeira, por exemplo, retêm parte do carbono ao longo do seu ciclo de vida.
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Fonte: Monografias INIA, serie florestal 13, Ministerio de Medio Ambiente
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.