A empresa chinesa CITIC Construction (Angola) revelou hoje que prevê investir, numa primeira fase, 250 milhões de dólares (212,2 milhões de euros) em projetos agrícolas em larga escala, com destaque para o milho e a soja.
Um memorando de entendimento foi assinado hoje, em Luanda, pelo diretor-geral da multinacional chinesa, Fan Juntao, e o ministro da Agricultura e Florestas de Angola, Isaac dos Anjos.
O Ministério da Agricultura e Florestas angolano sublinhou numa nota de imprensa, que o memorando prevê também a instalação de laboratórios modernos de melhoramento genético para a certificação de sementes, a promoção de insumos agrícolas, para apoiar a cadeia produtiva de pesticidas e fertilizantes e o sistema de armazenamento inteligente em regiões agrícolas chaves, bem como a assinatura de acordo de compra de produtos agrícolas.
“O presente instrumento deverá abranger várias áreas de cooperação, desde: a) Promoção da produção em larga escala de soja nas principais regiões agrícolas de Angola; b) criação e otimização de uma cadeia de valor agrícola completa, incluindo sementes, insumos, maquinaria, tecnologia, silos e canais de exportação; c) estabelecimento de um sistema de inspeção e quarentena fitossanitária para a exportação de cereais no mercado da China, promovendo a assinatura de acordo bilateral”, refere a nota.
Em declarações à imprensa, Fan Juntao referiu que a empresa tem já disponibilizados 3.000 hectares de terras na província do Cuanza Sul e 5.000 hectares na província de Malanje, perspetivando entre este ano e o próximo conseguir até 20 mil hectares, com a ambição de atingir, numa visão mais geral, os 100 mil hectares.
“O nosso valor de investimento estimado nesta fase é 250 milhões de dólares, sem incluir os valores de operações futuras. Vamos executar em fases [o projeto], todo o financiamento vem de investidores chineses, liderados pela CITIC”, destacou.
Fan Juntao disse que a prioridade vai para a produção de milho, o principal cereal dentro das necessidades do país, e na segunda fase a produção de soja.
“Porque a nossa ideia no futuro é, após satisfazer as necessidades locais, exportar a soja para a China”, salientou, sublinhando que o objetivo é introduzir alta tecnologia na produção.
Segundo o empresário, a previsão inicial é de atingir as oito toneladas de milho por hectare e para a soja até cinco toneladas por hectare.
Por sua vez, o ministro da Agricultura e Florestas angolano considerou “histórico” este memorando assinado com a CITIC para projetos de produção em larga escala, com vista a “abrir novos mercados para a produção em Angola”.
Isaac dos Anjos destacou a vantagem de haver à partida um comprador existente para a soja, o próprio produtor, regozijando-se igualmente com esta janela de oportunidade para Angola se alinhar à exportação de produtos para a Ásia.
“É uma oportunidade única e a qual não podemos perder de vista”, expressou o ministro, vincado que foi fixada como base de partilha 60% para exportação e 40% para consumo local e a importância deste cereal como complemento da produção pecuária.
O titular da pasta da Agricultura e Florestas de Angola anunciou para a próxima quinta-feira, a assinatura de novo acordo com outra empresa chinesa, significando que o país está aberto à presença e participação de multinacionais de várias partes do mundo.
“Que o facto de abrirmos [oportunidade] para a China não seja motivo de ciúme, temos muito chão, muita terra, e estamos à espera de investidores”, afirmou.
Da parte do Governo, há como facilitação e incentivo a concessão de terras, o tratamento e acompanhamento fitossanitário e as normas e protocolos à grande escala, acrescentou o ministro.