Fazer um bolo caseiro está 31% mais caro e o custo de fritar batatas aumentou 26%. O Governo espanhol desceu o IVA de bens alimentares, mas o impacto foi limitado.
Em Espanha, não pode faltar a tortilha de batata em cima da mesa. Mas cozinhá-la em casa, com uma receita para quatro pessoas, passou a custar mais 24,3%, comparativamente a janeiro de 2022. A fatura é, agora, de 4,46 euros, em vez de 3,59 euros. Alguns dos seus ingredientes chave, nomeadamente ovos e azeite, aumentaram na ordem dos 30%. Mas não só. Fazer um bolo caseiro está 31% mais caro e fritar batatas 26%. E encomendar uma pizza ou beber uma cerveja também encareceu.
Em 2022, a inflação em Espanha foi de 8,4%, o nível mais elevado das três últimas décadas, e 2023 começou com uma baixa nos preços dos bens alimentares essenciais. A redução do IVA aprovada pelo governo espanhol em dezembro fez-se notar — ainda que ligeiramente — em janeiro, sobretudo nos produtos frescos e de primeira necessidade, como o pão, o leite, os ovos e as batatas (nestes produtos, o IVA baixou de 4% para 0%). Ainda assim, comparando com os preços praticados no início do ano passado, não há dúvidas que encher o carrinho das compras do supermercado passa uma fatura mais cara.
“A redução do IVA não teve um impacto muito significativo para baixar os preços dos alimentos. Em primeiro lugar, porque a redução (de 4% para 0% e de 10% para 5%) não representa, na maioria dos casos, mais do que uns cêntimos de poupança numa cesta de compras normal. Além disso, o IVA das carnes e pescado, os produtos com os preços talvez mais elevados, não se alterou“, comenta Juan Carlos Martínez Lázaro, professor de economia da IE University, em Espanha, em declarações ao ECO.
Por outro lado, diz ainda o economista, as reduções do IVA não são, muitas vezes, repercutidas no preço final que paga o consumidor. “O governo reduz ou elimina o IVA, mas os retalhistas dificilmente alteram os seus preços, ou fazem-no durante os primeiros meses, mas depois restabelecem os seus preços, mantendo o montante da redução do IVA e aumentando, assim, as suas margens“, diz.
Resumindo, o economista não é partidário deste tipo de medidas que diminuem o IVA. “O Governo recolhe menos, as margens dos comerciantes costumam aumentar, os efeitos para as famílias são mínimos e o impacto sobre o IPC [Índice de Preços no Consumidor] é muito pequeno”, sustenta.
Uma opinião partilhada pelo economista e professor na Universidade de Barcelona, Gonzalo Bernardos, que considera que a redução do IVA não faz mais nada além de melhorar as margens dos na cadeia de valor dos alimentos. “É algo que está mais do que estudado, documentado, analisado e explicado”, reforça.
Juan Luis Jiménez, professor de Economia na Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, levanta […]
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