Via Campo Aberto (não encontrei o original do texto da QUERCUS), encontrei este parágrafo notável a propósito da discussão pública do Plano Integrado para a Gestão de Fogos Rurais, que decorre até ao próximo dia 5 de Fevereiro (participem na discussão, eu preferiria um documento mais conciso, mas vale a pena influenciar a sua evolução para uma orientação mais focada na resolução do problema da falta de remuneração da gestão de largas partes do país):
“No documento para consulta há princípios orientadores positivos, como a governação, a qualificação e a comunicação, mas continua-se a fazer referência a mais controlo de vegetação (ou seja mais desmatação) e ao uso de fogo (ou seja fogueiras, queimadas e fogo controlado). Ora numa abordagem regenerativa, não há “uso correto do fogo”! O máximo de biomassa possível tem de ser incorporada no solo e sequestrar carbono (e outros materiais).”
De uma penada a QUERCUS consegue negar toda a investigação sobre o assunto, defender a posição completamente irresponsável de que a gestão de combustíveis não é a questão chave do controlo sobre o fogo, dizer uma barbaridade sem nome, totalmente infundada e sem a menor base científica e técnica “não há “uso correcto do fogo”, e defender soluções que só existem num pensamento mágico sem qualquer aderência à realidade.
Por volta de 2030, se posições como esta prevalecerem e se continuar a gastar rios de dinheiro em acções sem qualquer efeito prático na gestão do problema do fogo à escala da paisagem, voltaremos à situação de 2003, 2005, 2017, com as consequências conhecidas.
Espero que nessa altura alguém se lembre destas posições místicas de organizações como a Campo Aberto e a Quercus (há outro notável parágrafo que não consigo perceber se é uma citação que a Campo Aberto faz do que diz a QUERCUS, se é uma elaboração da Campo Aberto a partir das tolices da QUERCUS, mas é notável na sua tentativa de explicar a negação da investigação científica com processos de intenções de que nunca se encontrou o menor vestígio de fundamento “Repare-se que estes fogos rurais, que não há muito se chamavam “florestais”, são na verdade, mesmo quando começam em matos e terrenos agrícolas marginais, exponenciados pelas grandes extensões de eucalipto e pinheiro que alimentam o volume e dimensão dos fogos, que nunca atingiriam essas proporções se se limitassem a matos e terrenos marginais. Quem estará interessado em não associar estes fgogos às “florestas artificiais e de espécies amigas do fogo”?”) e lhes peça responsabilidades pela contribuição que estão a dar para a criação de condições para desastres da dimensão de 2017.
Por mim, há muito que defendo soluções simples e focadas no problema central que podem ser discutíveis na sua concepção ou na sua aplicação prática, e não deixo de me espantar com a profundidade da penetração do pensamento mágico no actual movimento ambientalista quase totalmente capturado por activistas que vivem nas nuvens, sem a menor preparação e experiência sobre gestão do teritório.