Sem comer há mais de três semanas, Luís Dias sente-se cada vez mais fraco fisicamente, mas a mente continua disposta a ir até ao fim. O agricultor viu a vida virada do avesso e luta, há sete anos, para que tudo volte ao normal. O mais recente passo levou-o a cumprir uma greve de fome que já dura há 24 dias.
Vagaroso, com o passo cada vez mais incerto e o rosto marcado pela espera fatigada, Luís Dias cumpre uma greve de fome há 24 dias. A Renascença encontrou-o no jardim em frente ao Palácio de Belém, onde o empresário vai ficar até ter as respostas que exige.
A história já conta com sete anos de muitas voltas. Começou quando Luís, que estava em Inglaterra, se mudou com a então namorada, Maria José Santos, para Zebreira, em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco.
O casal regressou a Portugal e investiu tudo o que tinha numa quinta de produção de amoras, mas os problemas começaram desde o momento em que finalmente começavam a ter o negócio montado.
A primeira dificuldade surge com a demora do ProDer (Programa de Desenvolvimento Regional) em aprovar o projeto e com a exigência de uma garantia bancária sobre o valor completo do investimento. O casal teria de pagar três vezes mais e duplicar o valor do projeto.
Luís avançou com uma queixa ao Tribunal de Contas Europeu, que confirmou que houve má gestão dos fundos europeus e fraude por parte da Direção Regional de Agricultura e Pescas da Região Centro (DRAP Centro). Em 2017, foi apresentada uma queixa ao Ministério Público. A investigação ainda decorre, sem fim à vista.
A história ganhou novos e mais complicados contornos quando, em dezembro de 2017 e março de 2018, dois temporais distintos destruíram a quinta quase por completo.
Rebentou uma nova disputa com a DRAPC, que nega, desde aí, a aprovação da medida 6.2.2, que garante apoios de “reconstituição ou reposição das condições de produção das explorações agrícolas afetadas por calamidades naturais, acidentes climáticos adversos ou eventos catastróficos”, com o fim de conferir um regresso a uma atividade normal.
“A forma como estas pessoas se comportam é de uma desumanidade incrível”, desabafa Luís, enquanto se volta a sentar num dos banco do jardim, por já ter poucas forças para se manter de pé. A frustração é evidente quando questiona como é possível, “em sete anos, não ter havido um único processo disciplinar? Não aconteceu nada a ninguém.”
“Eles pretendem continuar a cobrir a corrupção à custa de nos destruírem a quinta, de destruírem as nossas vidas. Nós não temos qualquer esperança e, se assim é, o que é que me