DiadSea e o futuro da lampreia em Portugal

O projeto é financiado pela União Europeia, no âmbito do Programa Interreg Espaço Atlântico, com um total de 3,35 milhões de euros.

O DiadSea é um projeto de cooperação transnacional que visa melhorar a gestão e a conservação dos peixes migradores diádromos (lampreia, salmão, truta marinha, sável, anádromo, entre outros) no Espaço Atlântico. Os peixes diádromos são espécies únicas que migram entre ambientes de água doce e salgada ao longo do seu ciclo de vida. Este ciclo de vida complexo torna a sua gestão e proteção particularmente difíceis, especialmente face às alterações climáticas.

Liderado pela Universidade de Évora / MARE, o projeto Interreg Espaço Atlântico DiadSea (EAPA_0011/2022) conta com várias entidades parceiras beneficiárias e associadas de diferentes países europeus, que reuniram no INRAE, Rennes (França) nos dias 13, 14 e 15 de maio de 2024 para o lançamento oficial do projeto.

O evento proporcionou um primeiro contacto presencial entre todos os parceiros e a presentação do projeto aos parceiros associados (autoridades legisladoras, associação pesca, empresas, ONGs, associações culturais). No segundo dia do encontro, os diversos workshops permitiram aos parceiros partilhar os seus conhecimentos técnicos, apresentar as suas contribuições para o projeto e planear as atividades futuras.

Financiado com 3,35 milhões de euros pela Comissão Europeia e com a duração de 3 anos, este projeto tem como objetivo melhorar a gestão e a conservação dos peixes diádromos no Espaço Atlântico. Os peixes diádromos são espécies únicas que migram entre ambientes de água doce e salgada ao longo do seu ciclo de vida. Este ciclo de vida complexo torna a sua gestão e proteção particularmente difíceis, especialmente face às alterações climáticas.

O consórcio do projeto é composto por 9 parceiros beneficiários e 28 parceiros associados de 4 países europeus (Portugal, França, Espanha e Irlanda) e é coordenado pela Universidade de Évora / MARE (PT) que lidera também as atividades de comunicação e disseminação.

Quanto aos restantes parceiros beneficiários, incluem universidades, centros de investigação e institutos públicos, como a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (PT), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (PT), o Marine Institute (IE), a Universidade de Santiago de Compostela (ES), o l’Institut National de Recherche pour l’Agriculture, l’Alimentation et l’Environnement (FR), o Muséum national d’Histoire naturelle – Station Marine de Dinard (FR), a Association Loire Grands Migrateurs (FR), e a Inland Fisheries Ireland (IE).

Ainda, os seguintes associados:

Associação Natureza Portugal em associação com a WWF (Lisboa, PT)
Direção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (Lisboa, PT)
Comité National des Pêches Maritimes et des Élevages Marins (Ile-de-France, FR)
APPRMM – Associação de Profissionais de Pesca do Rio Minho e do Mar (Norte, PT)
Associação para a Promoção das Potencialidades do Rio Minho (Norte, PT)
Clube de Pesca e Cultural de Penacova (Centro, PT)
Associação de Pesca Desportiva do Rio Vez (Norte, PT)
DREAL Hauts de France (Nord-Pas de Calais, FR)
Office Français de la Biodiversité (Ile-de-France, FR)
Direction Générale des Affaires Maritimes, de la Pêche et de l’Aquaculture (Ile-de-France, FR)
Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. (Lisboa, PT)
Docapesca – Portos e Lotas, S.A. (Lisboa, PT)
Clube de Pesca de Penacova (Centro, PT)
The Navigator Company (Alentejo, PT)
Asociación para a Defensa Ecolóxica de Galiza (Galicia, ES)
Dirección Xeral de Patrimonio Natural, Xunta de Galicia (Galicia, ES)
Vianapesca O P – Cooperativa de Produtores de Peixe de Viana do Castelo, C.R.L. (Norte, PT)
EDP – Gestão da Produção de Energia, S.A. (Lisboa, PT)
Direction Régionale de l’Environnement de l’Aménagement et du Logement de Nouvelle Aquitaine (Aquitaine, FR)
Centre for Environment, Fisheries & Aquaculture Science (Dorset and Somerset, UK)
Confraria da Lampreia (Centro, PT)
The Rivers Trust (Southern, IE)
Gobierno de Navarra (Comunidad Foral de Navarra, ES)
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P. (Centro, PT)
Irish Federation of Sea Anglers – Angling Council of Ireland (Southern, IE)
FigPesca – Associação dos Pescadores e Armadores do Centro Litoral (Centro, PT)
Autoridade Marítima Nacional (Centro, PT)
Sea Fisheries Protection Authority (Southern, IE)

Catarina Mateus, investigadora da Universidade de Évora / MARE afirma: “Estamos empenhados em melhorar a gestão e a conservação dos peixes diádromos no Espaço Atlântico, peixes que migram entre ambientes de água doce e salgada ao longo do seu ciclo de vida. Este ciclo de vida complexo torna a sua gestão e proteção particularmente difíceis, especialmente face às alterações climáticas. Reunir os parceiros dos vários países onde estas espécies ocorrem é fundamental para uma gestão consertada e para a partilha de experiências na proteção de espécies que ocorrem ao longo de toda a área Atlântica. O envolvimento de associações de pesca, da administração, ONGs, entre outros parceiros envolvidos na gestão destas espécies, é fundamental”.

DiadSea, o projeto de investigação que contribuirá para melhorar a gestão e conservação da lampreia em Portugal

O DiadSea visa fomentar a cooperação transnacional no Espaço Atlântico (EA) e melhorar a gestão sustentável e conservação de peixes diádromos (PD) – lampreia, salmão, truta marinha, sável, anádromo, entre outros – em habitat marinho. Tem como objetivos identificar e preencher lacunas de conhecimento na distribuição marinha, antecipar as mudanças na distribuição dos PD devido às mudanças climáticas e oceanográficas e desenvolver soluções cooperativas inovadoras para proteger a biodiversidade e os recursos naturais dos PD no habitat marinho e, posteriormente, em habitat de água doce.

Desta forma, particularmente em contexto nacional, este projeto poderá contribuir para a preservação da lampreia-marinha, uma espécie emblemática que devido à sua escassez tem levantado questões sobre a necessidade de reunir esforços para evitar impactos negativos no ecossistema e economia locais.

DiadSea, um contributo para a política de coesão social e regional da União Europeia

Complementando o trabalho do projeto DiadES, que se focou nos habitats de água doce, o DiadSea concentra-se agora no ambiente marinho, onde existem graves lacunas de conhecimento, uma menor gestão e conservação de PD. Através do mapeamento e distribuição de PD no mar, identificando áreas importantes para estas espécies, este projeto de investigação aplicará os mais recentes modelos oceânicos e climáticos para prever o futuro destas unidades populacionais e assim criar um Observatório de peixes diádromos em grande escala.

Desta forma, o DiadSea esforça-se não só por assegurar um ambiente marinho saudável, mas também por promover benefícios económicos e culturais para as comunidades locais, através da troca de conhecimento e eventual melhoria de instrumentos políticos e administrações públicas, propostos pelo programa Interreg Espaço Atlântico promovido pela União Europeia.

Sobre o programa Interreg Espaço Atlântico

Com um orçamento de 113 milhões de euros para o período 2021-2027, provenientes do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), o Interreg Espaço Atlântico tem uma taxa de cofinanciamento dos projetos aprovados de até 75% do investimento total.

O Interreg Espaço Atlântico 2021-2027 apoia a cooperação transnacional nas regiões atlânticas de quatro países – Portugal, Espanha, França e Irlanda – através do apoio a iniciativas inovadoras que contribuam para o crescimento desta área, resolvendo desafios comuns além-fronteiras através da implementação de ações conjuntas, intercâmbio de boas práticas e contribuição para novas ou atuais políticas.