Análise de José Gomes Ferreira, da SIC, no Primeiro Jornal sobre a descida do IVA nos alimentos, anunciada na quarta-feira pelo primeiro-ministro.
José Gomes Ferreira, da SIC, considera que, após o anúncio do primeiro-ministro de descida do IVA nos alimentos, há o risco de o dinheiro não acabar “no bolso do cliente”. O jornalista da SIC apresenta uma solução para “quem realmente precisa”.
“Está aqui a prova de que as margens sobem nestes grupos económicos quando os preços aumentam na produção ou no circuito de comercialização e de distribuição. Escusam de vir dizer que fizeram esforço”, afirmou, referindo-se aos lucros da Jerónimo Martins de 590 milhões de euros.
Os lucros do Pingo Doce cresceram 27,5% no ano passado em relação a 2021: os lucros de 2022 representam 590 milhões de euros, superando os 463 milhões de 2021. Em Portugal, as vendas do Pingo Doce aumentaram 11,2%.
Descida do IVA na comida
Questionado sobre a descida do IVA na comida, anunciada por António Costa, José Gomes Ferreira considera que há risco que o dinheiro “não acabe propriamente no bolso do cliente”.
E exemplifica:
“Em Espanha não funcionou, os preços acabaram altos. O dinheiro acabou no circuito económico na própria distribuição. O mesmo aconteceu em Portugal quando se baixou o IVA da restauração para 13%: acabou nos negócios, não ficou no bolso do consumidor ou dos clientes”.
O Governo recuou e decidiu baixar o IVA sobre os alimentos. O primeiro-ministro quer reunir-se com produtores e distribuidores para garantir que a medida resulta numa efetiva descida dos preços nos supermercados.
“Este tipo de iniciativas anunciada por António Costa no Parlamento acho que corresponde àquele padrão de, no calor da discussão no Parlamento, ‘vamos lá com mais um pacote de medidas tomadas de forma impulsiva sem se estudar'”.
Para José Gomes Ferreira há outro problema: quando se baixa o IVA para os produtos essenciais, a seguir as pessoas que têm poder de compra, “oficialmente ricos ou de classe média alta têm a benesse de pagar menos IVA nesses produtos”.
Há solução? Sim e é esta
O jornalista da SIC apresenta uma solução para beneficiar “quem precisa”:
“O fisco sabe quem ganha menos e quem ganha mais. Por exemplo, até ao limite máximo do 6.º escalão, estabeleça-se que quem comprar certos produtos pode ter uma devolução de IVA e não no fim do ano ou em abril ou maio do ano seguinte referente ao ano todo. Pode ser no fim do trimestre. Através do site das finanças é possível fazer isto”.
No Primeiro Jornal, José Gomes Ferreira salienta que é impossível estabelecer um congelamento de preços neste mercado: “Como se vai congelar o preço do pão, da fruta ou do peixe?”.
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