INE garante que a dependência de Portugal de países terceiros para o consumo de cereais deverá registar um agravamento, na altura em que, a produção nacional desta matéria-prima poderá cair entre 10% e 15%. Presidente da Confrari já tinha alertado para esta situação e defendeu subida de preços.
Apesar da conjuntura marcada pela seca, pela escalada dos custos com os meios de produção, pela subida dos preços dos produtos agrícolas e pela suspensão das transações comerciais com a Rússia e a Ucrânia, as previsões agrícolas, no final de maio, apontam para a normal instalação das culturas de primavera. Os dados foram revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e dizem ainda que no caso do milho e do cereal fundamental – que são fundamentais para a produção pecuária – prevê-se mesmo um aumento de 5% na área semeada, “o que terá um impacto reduzido na satisfação das necessidades de abastecimento, já que, em média, a produção nacional representa 25% do consumo interno.
De acordo com os mesmos dados, o abastecimento externo de milho a Portugal era assegurado em 41% pelas importações da Ucrânia (média 2012-2021), país que era o principal fornecedor nacional, obrigando à procura de alternativas no mercado mundial. No entanto, nos dois primeiros meses de guerra, as importações de milho provenientes do Canadá, Brasil e Polónia aumentaram significativamente, atingindo 140 mil toneladas e compensando a suspensão das transações comerciais com a Ucrânia.
Uma situação que já levou o presidente da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), Idalino Leão, ao admitir ao Nascer do SOL que, os responsáveis do setor estão a enfrentar o dobro dos custos de produção dos cereais, “até porque esta guerra é feita no celeiro da Europa e Portugal tem de importar quase tudo em termos de cereais, quer para a alimentação animal, quer para a alimentação humana”, acrescentando que “estamos reféns da especulação e também da falta de oferta que existe atualmente no mercado”.
De acordo com o responsável, este aumento de custos terá de de ser compensado pelo preço final cobrado ao consumidor. “Um dos principais desafios que temos é continuar a produzir alimentos com esta escalada interminável de preços dos principais fatores de produção”, defendendo que será “inevitável que os preços dos produtos agrícolas subam”. Caso contrário, de acordo com o responsável, se continuarmos a assistir a esta escalada de preços dos fatores de produção e se o preço final […]