A agricultura do futuro deverá responder aos desafios da Agenda Ecológica Europeia e ao objetivo de alcançar a neutralidade de carbono até 2050, evitando que os efeitos das alterações climáticas, já presentes no nosso dia a dia, continuem a sua marcha destruidora.
Para os próximos anos, temos ainda tarefas, não menos importantes, como é o caso da reversão urgente da perda de biodiversidade que, se nada fizermos, irá provocar uma redução da produção e aumento da pressão das pragas. Os números mais recentes apontam para o desaparecimento de 70% dos insetos. É também preocupante a questão da erosão dos solos, estimando-se perdas anuais muito significativas, sobretudo em zonas áridas e/ou com declives mais ou menos acentuados.
Para alcançar estes objetivos, é necessária uma alteração significativa das práticas agrícolas, tais como a forma como cuidamos dos nossos solos e como gerimos os espaços envolventes (que, frequentemente, não são aproveitados para a produção de alimentos).
É imperioso, a par destes objetivos, garantir a produção de alimentos com custos competitivos e acessíveis aos consumidores, colocando maiores desafios á produção. A redução de desperdício (dados recentes apontam para perdas de 50% na produção) faz com que seja crucial aumentar a eficiência dos fatores de produção (água, nutrientes). A agricultura de precisão é uma ferramenta que se pode revelar muito útil para aumentar a eficiência na aplicação destes fatores.
A alteração necessária e urgente só será possível com o trabalho, em equipa, entre agrónomos, biólogos e botânicos que, detendo perspetivas diferentes, em conjunto, conseguem alcançar melhores resultados e soluções do que atuando isoladamente.
A própria natureza das empresas agrícolas e das Organizações de Produção pode mudar passando de uma lógica de monoproduto ou de ‘especialização’ na produção para uma abordagem mais ampla de produtos, com vantagens na diversificação de receitas.
A Modelo Continente e o seu Clube de Produtores querem ajudar os produtores portugueses a alcançar estes objetivos de neutralidade carbónica e aumento da Biodiversidade, num espaço de tempo mais curto do que o proposto pelas instituições europeias e mundiais.
Foi neste contexto que nasceu a Declaração para a Sustentabilidade, assinada pelos membros do Clube de Produtores, que irá apoiar os produtores na implementação de ações que vão desde a diminuição de nutrientes mais poluentes, redução de fitofármacos, promoção de biodiversidade e proteção dos solos, contribuindo para alimentar a população crescente, de forma mais saudável e sustentável, e entregar às gerações vindouras um ambiente melhor do que aquele que recebemos dos nossos pais e avós.”
Nuno Pita
Category Specialist Hortícolas MC
Rui Matias
Category Specialist Frutas MC