Encontrar o equilíbrio entre rentabilidade, uso eficiente dos recursos e mitigação de efeitos ambientais é a meta do Dairy4Future, um projeto presente em 12 das principais regiões produtoras de leite da União Europeia, envolvendo toda a fileira e, diretamente, mais de uma centena de explorações.
“O Dairy4Future quer identificar boas práticas de gestão e maneio ao nível das explorações leiteiras, combiná-las com conhecimento e tecnologias emergentes para, depois, disseminar essa informação e esses bons exemplos junto dos produtores portugueses. Pretende-se orientar as explorações leiteiras para, num futuro próximo, integrarem sistemas produtivos inovadores, de elevada resiliência económica, eficientes no uso de recursos, no bem-estar dos animais e ambientalmente aceitáveis, respondendo simultaneamente às principais preocupações atuais de produtores e da sociedade”, esclarece Henrique Trindade, coordenador do Dairy4Future na região Norte/Centro e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Espanha, França, Portugal, Reino Unido e República da Irlanda são os parceiros do Espaço Atlântico. “O projeto Dairy4Future vai dar oportunidade aos produtores portugueses de contactarem com colegas de outros países e situarem o seu desempenho na esfera europeia”, sublinha David Fangueiro, coordenador na região Sul/Açores e investigador do Instituto Superior de Agronomia (ISA).
As questões ambientais e a diminuição das emissões de C02 estão na agenda do Dairy4Future. “A determinação da pegada de carbono é um indicador que os produtores poderão usar para melhorar o seu desempenho, mas também como ferramenta de marketing, uma vez que as boas práticas devem ser amplamente comunicadas”, explica David Fangueiro.
A Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (FENALAC) também está envolvida no projeto Dairy4Future porque “o conhecimento e a inovação, obtidos através do meio científico e académico, são variáveis decisivas nesta atividade”.
Sentir o pulso ao setor em nome da eficiência
Para promover a resiliência económica do setor leiteiro e a sua eficiência, os investigadores do Dairy4Future vão analisar 100 explorações-piloto da Área Atlântica Europeia, onde se identificarão boas práticas e estimará a eficiência do uso de recursos. Este projeto integra ainda 10 explorações experimentais, onde serão avaliadas as melhores práticas (recurso-eficiência). Em Portugal, são cerca de 40 explorações-piloto em estudo, distribuídas pelas principais regiões de produção leiteira do continente e dos Açores.
Uma dessas explorações-piloto pertence a Adalberto Póvoa, produtor de leite em Albergaria-a-Velha, no concelho de Aveiro. As melhorias que antevê na sua exploração baseiam-se em “três pilares”: modo de produção, bem-estar animal e preservação ambiental/descarbonização. “Queremos manter os fatores económicos numa relação de equilíbrio, garantindo o máximo conforto aos animais. Estamos empenhados em encontrar uma solução de compromisso entre sistemas produtivos e rigor ambiental”, sublinha.
No âmbito do Dairy4Future, os produtores portugueses vão visitar explorações leiteiras nos países parceiros para que possam ter um conhecimento mais aprofundado do setor, percebendo as rotinas de trabalho e as principais dificuldades dos seus homólogos europeus. No sentido inverso, receberão a visita de produtores provenientes de outras regiões europeias. “É importante conhecer outras realidades produtivas, industriais e comerciais na Europa. Com este projeto podemos partilhar informação e, depois, aplicar à nossa realidade”, esclarece Adalberto Póvoa.
O Dairy4Future
O projeto Dairy4Future teve início em janeiro de 2018 e prolonga-se até dezembro de 2021, reunindo um consórcio de 11 parceiros de cinco países da Região Atlântica – Irlanda, Reino Unido, França, Espanha e Portugal.
Com um financiamento de 3,8 milhões de euros do programa INTERREG-UE, o Dairy4Future tem a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e o Instituto Superior Técnico (ISA) como parceiros técnicos em Portugal. Os parceiros associados são a AGROS (União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-Os-Montes), a APCRF (Associação Portuguesa de Produtores da Raça Frísia) e as associações agrícolas açorianas das ilhas de São Miguel e Terceira (AASM e AAIT). Também conta com o apoio de outros colaboradores locais como a FENALAC, LACTICOOP, PROLEITE e as Cooperativas de Barcelos e de Vila do Conde.