Investigadores chineses criaram uma nova estirpe de fungo com sabor a carne, mais fácil de digerir e com menor impacto ambiental. A inovação usa edição genética sem ADN externo e poderá revolucionar a forma como se produz proteína alimentar.
Uma equipa de cientistas da Universidade de Jiangnan, na China, desenvolveu um fungo com características melhoradas que pode funcionar como substituto sustentável à carne animal. Através da tecnologia de edição genética CRISPR, os cientistas alteraram o fungo Fusarium venenatum, já conhecido pelo seu sabor e textura semelhantes aos da carne, tornando-o mais eficiente, nutritivo e ecológico.
A nova estirpe, chamada FCPD, consegue produzir a mesma quantidade de proteína utilizando menos 44% de açúcar e num tempo 88% mais curto em comparação com a versão original do fungo. Além disso, o seu cultivo requer significativamente menos recursos, resultando numa redução de até 61% no impacto ambiental.
Este avanço poderá ter grandes implicações para a produção alimentar do futuro. Em comparação com a criação de frango na China, por exemplo, a produção desta “carne de fungo” utiliza menos 70% de terra e reduz em 78% o risco de contaminação da água doce.
O Fusarium venenatum já é utilizado em países como o Reino Unido e os Estados Unidos como alternativa à carne, mas a sua produção tradicional era dispendiosa e nem sempre de fácil digestão. Com a nova estirpe, os cientistas resolveram esses desafios sem recorrer à introdução de material genético externo.
Xiao Liu, o investigador que liderou o estudo publicado no passado dia 19 de novembro na revista Trends in Biotechnology, afirma que “alimentos geneticamente modificados como este podem responder à crescente procura global de alimentos, sem os elevados custos ambientais associados à agricultura convencional.”
Atualmente, a pecuária é responsável por cerca de 14% das emissões de gases com efeito de estufa a nível mundial. Inovações como esta podem ser parte essencial da solução para garantir segurança alimentar num planeta em mudança.
Leia o estudo na revista Trends in Biotechnology.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.













































