O sector lácteo europeu vive uma situação muito difícil na sequência de um conjunto de imprudências europeias em matéria de política comercial.
Com efeito, a recente negociação das tarifas comerciais com os EUA levou a uma forte redução das barreiras alfandegárias à entrada de produtos lácteos americanos no espaço europeu, situação que já se traduziu num aumento exponencial das importações destes produtos provenientes dos EUA. Acresce que os EUA apresentam custos de produção mais baixos comparados com os da UE, além de não estarem obrigados aos mesmos patamares de exigência em matéria de segurança alimentar.
A situação piorou significativamente no dia de hoje com o anúncio por parte da China de tarifas provisórias até 42,7% aos produtos lácteos importados da União Europeia, decisão que significa, na prática, um enceramento do mercado às exportações europeias e que resulta de represálias às tarifais europeias no sector automóvel.
Perante este cenário de forte perturbação da fileira láctea europeia importa que as Autoridades Nacionais pressionem as instituições europeias no sentido da tomada de decisões urgentes que suportem este importante sector económico.
Os decisores europeus precisam de entender que as relações de força entre os diferentes blocos comerciais alteraram-se profundamente nos últimos anos e têm de atuar rapidamente e em força de forma a salvaguardar os interesses da UE.
Concretamente, importa rever os preços de intervenção da manteiga e do leite em pó cujos valores não são revistos desde 2009 e estão desfasados da realidade, assim como os valores dos apoios para ajuda à armazenagem privada. Caso nada seja realizado nas próximas semanas, 2026 poderá assistir a um agravamento sem precedentes da crise do sector lácteo europeu.
A passividade da UE pode ser fatal para a competitividade do sector lácteo a nível europeu e apenas uma atuação robusta pode evitar prejuízos significativos nos próximos meses.
Fonte: FENALAC














































