A campanha de 2023 na Região Demarcada do Douro ficou marcada pelas consequências da diminuição da quantidade permitida de vinho beneficiado1, pelos acrescidos custos de produção e pelos baixos preços pagos aos pequenos e médios produtores, a que se somou o sobressalto e incerteza na hora de entregar as uvas. Uma vez mais, para muitos produtores, a tábua de salvação foram as adegas cooperativas, que receberam muito mais uva do que em anos anteriores, ficando no limite das suas capacidades.
Um contexto agravado por uma acção concertada do grande agronegócio da região, no sentido de se caminhar para a liberalização da produção de vinho licoroso, o que seria a ruína de muitos produtores do Douro.
Tudo isto perante o silêncio e a inacção cúmplices de um Governo apostado numa política de destruição da pequena e média agricultura e de favorecimento do grande agronegócio.
A Casa do Douro faz falta: realizar eleições e devolver a Casa do Douro aos durienses é ainda mais urgente
Se no imediato parte do problema de excesso de vinho armazenado no Douro poderá ser mitigado por um apoio extraordinário à destilação, a solução para o avolumar dos problemas dos pequenos e médios produtores da Região Demarcada do Douro passa por lhes devolver a Casa do Douro o quanto antes, constituída como um organismo com poderes públicos, gerido pelos próprios produtores, que responda ao contexto único da Região, nos planos social, produtivo e histórico.
A reconstituição da Casa da Douro, a devolução do património aos vitivinicultores e a concretização, há muito reclamada, de eleições para a Casa do Douro são passos fundamentais para defender os interesses dos milhares de pequenos e médios vitivinicultores durienses, incompatíveis com os interesses do agronegócio aos quais o nome da Casa do Douro foi entregue, e que não mais tem feito do que esvaziá-la de condições para retomar o seu papel.
Produtores do Douro somam-se à exigência de indemnizações pelos danos provocados por animais selvagens
No Douro, à semelhança do que acontece noutras regiões do país, os prejuízos provocados por animais selvagens continuam a acumular-se, sem a necessária resposta do Governo.
1 Benefício é a quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto
A CNA e a AVADOURIENSE exigem que o Governo garanta a atribuição de indemnizações aos lesados, de forma expedita e desburocratizada, a partir de levantamento de prejuízos, e assegure o controlo da densidade das populações destes animais selvagens, bem como o controlo do seu estado sanitário.
O Douro não pode esperar!
A CNA e a AVADOURIENSE continuarão a bater-se pelo escoamento da produção vitivinícola duriense a preços justos que cubram os custos de produção e dignifiquem a vida de todos os vitivinicultores da região.
Fonte: CNA