A ONU afirmou hoje que o ano de 2023 está a ser marcado por recordes estatísticos sucessivos, incluindo de temperatura, que revelam a urgência de ações contra as alterações climáticas.
O alerta é feito pela Organização Meteorológica Mundial (OMM, agência do sistema da ONU) e é dirigido aos participantes da 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que hoje arrancou no Dubai.
A OMM só irá publicar o seu relatório final dentro de alguns meses, mas já está convencida de que 2023 deverá ser o ano mais quente desde que há registos, à frente de 2016 e 2020, tendo em conta as medições efetuadas entre janeiro e outubro.
“É muito improvável que os últimos dois meses [do ano] afetem as classificações”, referiu o responsável da OMM, Petteri Taalas.
Os últimos nove anos, desde 2015, foram os mais quentes desde o início das medições modernas.
“São mais do que meras estatísticas”, alertou Petteri Taalas.
“Corremos o risco de perder a corrida para salvar os nossos glaciares e abrandar a subida do nível do mar”, prosseguiu.
A OMM advertiu ainda que o fenómeno climático El Niño, que surgiu em meados do ano, “é suscetível de aumentar ainda mais o calor em 2024″.
Este fenómeno está geralmente associado a um aumento das temperaturas globais no ano seguinte ao seu aparecimento.
Os dados preliminares avançados hoje pela OMM revelam também que as concentrações dos três principais gases com efeito de estufa – dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) – atingiram níveis recorde em 2022, com as projeções disponíveis a indicarem que os níveis continuaram a aumentar este ano.
Os níveis de CO2 são 50% mais elevados em relação ao período pré-industrial, o que significa que as temperaturas continuarão a subir durante muitos anos, mesmo que as emissões sejam significativamente reduzidas.
“Não podemos voltar ao clima do século XX, mas temos de agir agora para limitar os riscos de um clima cada vez mais inóspito ao longo deste século e dos séculos vindouros”, referiu o responsável da OMM.
“Os gases de efeito estufa estão em níveis recordes. As temperaturas globais estão a bater recordes. O mar está em níveis recordes e a plataforma de gelo da Antártida nunca foi tão pequena”, disse ainda Petteri Taalas, que denunciou “uma cacofonia ensurdecedora de recordes batidos”.
Segundo a OMM, todos estes registos têm consequências socioeconómicas dramáticas, incluindo a redução da segurança alimentar e o registo de fluxos migratórios em massa.