As obras de construção da barragem do Pisão, no concelho de Crato, distrito de Portalegre, cujo contrato de financiamento foi hoje assinado, vão arrancar até 2023 para o empreendimento entrar em “pleno funcionamento” em 2026.
“Esperamos que, em 2026, entre em pleno funcionamento a barragem do Pisão e o aproveitamento hidráulico”, afirmou o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, na cerimónia de assinatura do contrato de financiamento, realizada nesta vila.
O contrato de financiamento, no valor dos 120 milhões de euros para o projeto inscritos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), foi assinado entre a estrutura de missão Recuperar Portugal e a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA).
No global, está previsto que o empreendimento, desenvolvido pela CIMAA, envolva um investimento de 171 milhões de euros.
Considerando que há “muito trabalho por diante”, o autarca do concelho de Crato apontou a necessidade de se concluírem este ano os “estudos e projetos detalhados” e de se obter, até ao início de 2022, a Declaração de Impacte Ambiental.
Após o arranque dos trabalhos preparatórios e o lançamento do concurso público para a empreitada, as obras de construção da barragem do Pisão terão que começar “até 2023”, adiantou Joaquim Diogo.
“Temos que, até 2024, conseguir o realojamento da população da aldeia” do Pisão, com cerca de 60 pessoas, que ficará submersa, “e a conclusão da instalação dos painéis fotovoltaicos”, traçou também o presidente do município.
Já o presidente da CIMAA e autarca de Ponte de Sor, Hugo Hilário, realçou na sua intervenção que esta obra é “muito ansiada e reivindicada” pela região, estando “há mais de 50 anos mergulhada em avanços tímidos”.
“Hoje, virámos a página de todas as desconfianças” e, com a assinatura do contrato de financiamento do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato, “a construção da barragem é irreversível”, sublinhou.
A cerimónia de hoje foi presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, e contou com as presenças das ministras da Coesão Territorial e da Agricultura, Ana Abrunhosa e Maria do Céu Antunes, respetivamente.
A ministra Ana Abrunhosa considerou que este “é o exemplo de um projeto pensado para o futuro desta região”, o qual “vai responder aos desafios hídricos energéticos e agrícolas do território”.
A futura barragem também “vai, temos a certeza, promover o desenvolvimento social e económico e colocar este interior na rota da competitividade e da coesão”, salientou.
Ana Abrunhosa avisou que, sem este projeto, a região “enfrentaria, num futuro muito próximo, graves problemas de escassez hídrica”, o que “condicionaria todas as oportunidades de investimento”.
Segundo a CIMAA, a futura estrutura vai “beneficiar cerca de 110 mil pessoas nos 15 municípios” do distrito de Portalegre e o seu “principal objetivo é garantir a disponibilidade de água para consumo urbano”.
Além disso, visa também “reconfigurar a atividade agrícola e criar oportunidades para novas atividades económicas, nomeadamente ao nível da agricultura, do turismo e no setor da energia”.
O projeto inclui a construção de uma central fotovoltaica flutuante, de 150 megawatts (MW), cujo investimento, no valor de cerca de 51 milhões de euros, não está inscrito no PRR.
Entre outras componentes, estão ainda contempladas no projeto, além da barragem e da central fotovoltaica, uma central mini-hídrica e canais da estrutura de regadio para a agricultura e sistema de abastecimento público de água.