O Encontro Nacional de Técnicos da CONFAGRI reuniu 600 técnicos e dirigentes de organizações de agricultores de todo o país, nos dias 1 e 2 de fevereiro, no Hotel Vila Galé, em Évora, num debate sobre política agrícola e inovação tecnológica no setor agroalimentar.
A Syngenta e os seus parceiros no projeto de investigação TomAC- Produção Sustentável de Tomate para Indústria através da Aplicação dos Princípios da Agricultura de Conservação apresentaram no Encontro os resultados preliminares do projecto que decorre desde 2021, com um ensaio numa parcela de 12 hectares localizada na Lezíria Grande de Vila Franca de Xira.
O projeto TomAC surge de uma parceria entre Ag-Innov- Centro de Excelência do Grupo Sugal, produtor e transformador de tomate, a Syngenta, o MED-UÉvora (Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora) e a APOSOLO (Associação Portuguesa de Mobilização de Conservação do Solo).
No ensaio são testados 3 sistemas de produção:
-Convencional: monocultura, mobilização intensa do solo e solo descoberto durante o Inverno;
-TomCC: mobilização apenas na linha para plantação de tomate e cultura de cobertura no período de Inverno;
– Rotação: mobilização apenas na linha para plantação de tomate, cultura de cobertura no período de Inverno e rotação bienal de tomate com girassol ou milho.
Ricardo Vieira Santos, investigador do MED-UÉvora, revelou que, na campanha 2021-2022, a produção de tomate comercializável foi 23% a 47% superior nas modalidades de agricultura de conservação – 92 t/ha em TomCC e 110 t/ha em Rotação –, comparativamente à modalidade de produção convencional – 75 t/ha.
Uma das conclusões do projecto é que a cultura de cobertura, formada por uma mistura de gramíneas e leguminosas, permitiu reter mais azoto no solo – 92 a 126 kg N/ha vs. 5 kg/ha retidos pela flora natural na modalidade convencional -, protegendo-o de ser lixiviado em profundidade, com notórios ganhos de eficiência e ao nível da mitigação de risco de poluição de águas subterrâneas. O azoto retido fica disponível para ser utilizado pela cultura do tomate, podendo reduzir-se a quantidade de adubo aplicado e os respetivos custos. Outro benefício identificado é a melhoria da retenção de água no solo, potenciando o crescimento do tomate desde o início do ciclo.
O custo da conta de cultura foi superior em 243 euros/hectare nas modalidades de agricultura de conservação, porém o investimento foi compensado pelo aumento de produtividade, entre 17t a 35 t/ha, pelos benefícios na melhoria das características do solo e o menor impacto das operações culturais no meio ambiente.
Os desafios identificados pelo consórcio incluem que a colheita do tomate deve ser feita com solo com baixo teor de humidade, de modo a evitar a compactação do solo e a deformação do camalhão; a adaptação do itinerário técnico para aplicação das práticas de Agricultura de Conservação e, sobretudo, uma mudança de paradigma na forma como mobilizam o solo, com a evidência de que apenas na linha de plantação pode ser suficiente.
“Acreditamos que a aplicação destes princípios da agricultura de conservação pode ser um caminho para aumentar a sustentabilidade do sistema de produção de tomate de indústria nas componentes agronómica, ambiental e económica”, concluiu Ricardo Vieira Santos.
O Encontro Nacional de Técnicos da CONFAGRI dedicou um dos seus painéis de debate ao papel da inovação na competitividade e sustentabilidade do setor agroalimentar e, neste âmbito, a CONFAGRI firmou uma parceria com a Nextland, uma iniciativa multiempresarial e multinacional que proporciona serviços agrícolas e florestais através da observação aérea terrestre, aos quais os técnicos e associados da Confederação terão acesso para apoiar a tomada de decisão dos agricultores.
“A Syngenta congratula a CONFAGRI pelo sucesso do seu 10º Encontro de Técnicos, atual nas temáticas e plural nas opiniões, e saúda a Direção da CONFAGRI pela sua visão estratégica de apoiar a transição para uma agricultura de conservação suportada pela inovação e da digitalização”, afirma Felisbela Torres de Campos, Responsável de Sustentabilidade da Syngenta em Portugal.
Artigo publicado originalmente em Syngenta.