O objetivo da nova aplicação gratuita RADIANT app, do projeto europeu RADIANT – Realização de Cadeias de Valor Dinâmicas para Culturas Subutilizadas, passa por fortalecer o diálogo entre produtores, consumidores e investigadores sobre o cultivo e o consumo de culturas subutilizadas na Europa, nomeadamente leguminosas, cereais e produtos hortícolas.
O projeto, liderado pela Universidade Católica Portuguesa no Porto, abrange 29 entidades, públicas e privadas, de 12 países europeus, e conta ainda com a parceria da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
De acordo com o comunicado de imprensa, o projeto tem uma duração prevista de 4 anos e trata-se de uma iniciativa de investigação financiada pela Comissão Europeia (CE) através do programa Horizonte 2020, que procura valorizar variedades tradicionais e promover, no nosso sistema agroalimentar, ‘Cadeias de Valor Dinâmicas’ (CDVs), mais sustentáveis e com maiores níveis de agrobiodiversidade.
Além disso, o projeto tem ainda como objetivo identificar soluções para aumentar o cultivo destas culturas e reforçar a sua integração em cadeias de valor rentáveis e resilientes.
“Com a aposta nesta aplicação, a equipa de investigação do projeto dá um passo significativo na promoção da sustentabilidade e diversificação alimentar, esperando que esta ferramenta ajude a sensibilizar e capacitar a comunidade global para os benefícios das culturas subutilizadas”, lê-se na nota de imprensa.
Além dos serviços de marketplace e fórum de conversação, a nova aplicação disponibiliza ainda um conjunto de funcionalidades com informações detalhadas, dados sobre benefícios nutricionais, receitas, modos de cultivo e uso eficiente de recursos; notificações e atualizações de notícias sobre boas práticas, eventos e resultados de investigação científica; mas também integra recursos educativos, como materiais para promover a sustentabilidade ambiental e a saúde humana nas escolas.
“O RADIANT explora variedades tradicionais que promovem a sustentabilidade ambiental e a saúde humana, combinando a neutralidade climática e a resiliência do sistema agrícola através da redução da emissão de gases de efeito de estufa,” referiu Marta Vasconcelos, investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) e líder do projeto de investigação europeu RADIANT.
E continua: “o grande objetivo desta nova aplicação que estamos a lançar a nível europeu é o de potenciar a comunicação entre produtores e consumidores, para que haja uma maior sensibilização para cultivar e consumir mais culturas subutilizadas, como as leguminosas, os cereais e os hortícolas”.
Em Portugal, são duas as explorações agrícolas que integram este projeto: a BioFontinhas, localizada nos Açores (Portugal), e o Freixo do Meio (Alentejo). Estas são duas das 20 explorações agrícolas piloto, designadas por “explorações AURORA”, locais de teste que promovem práticas orgânicas e sustentáveis.
“Pretendemos demonstrar transições bem-sucedidas para sistemas inclusivos de agrobiodiversidade, melhorando a competitividade de culturas subdesenvolvidas e testando práticas agrícolas sustentáveis,” explicou a investigadora.
Alguns exemplos incluem lentilhas, ervilhas, diferentes variedades de feijão, árvores de frutos tradicionais e milho painço. “Estas culturas são valiosas devido ao seu elevado valor nutritivo, à resistência a ambientes hostis e a solos pobres, e à utilização eficiente da água,” explicou Marta Vasconcelos.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.