Ao longo dos últimos meses têm-se assistido a um contexto de grande tensão sobre a cadeia de distribuição e a alimentar em particular. Se durante a pandemia houve quem tivesse alertado para os efeitos decorrentes do período marcado pelas medidas de contingência para a contenção da Covid-19, nomeadamente, constrangimentos em segmentos industriais localizados na Ásia e nos custos do transporte internacional, o início do conflito na Ucrânia agravou de uma forma dramática o contexto economico-social vivido no continente europeu e, com outra intensidade, em Portugal.
Perante um forte aumento dos custos com a energia, combustíveis e consequente crescimento do custo dos fatores de produção, aliado à escalada da inflação para valores como não se viam há 30 anos, todo os elos da cadeia começam a ser pressionados, levando a um aumento do custo dos produtos, que acabou por ser refletido no preço final ao consumidor. Mesmo com todos os esforços que a Distribuição fez para mitigar esta situação, não transpondo para o preço ao consumidor a mesma proporção do aumento de custos recebidos dos seus fornecedores, assistiu-se a um incremento do preço dos produtos alimentares, com consequências para as famílias portuguesas. No entanto, bastava olhar para os dados divulgados por entidades independentes e credíveis – INE e Eurostat – para se observar que o índice de produtos alimentares na distribuição teve um aumento inferior ao registado nos outros elos da cadeia. Os dados são bastante concretos: em 2022 o índice de preços na produção agrícola cresceu quase 36%, o mesmo índice […]