A Comissão da Viticultura da Região dos Vinhos Verdes disse hoje que a seca no país não afeta as culturas, numa altura em que “a vinha se encontra dormente” e precisa de frio, condição que se tem verificado.
Em resposta enviada hoje à Lusa, a comissão adianta que “o baixo índice de água no solo neste momento não é preocupação para os produtores de vinho verde”, uma vez que estas culturas necessitam de chuva na primavera e “é ainda cedo para antecipar que não chova até esse momento”.
Nesta época do ano, explica este organismo, “a vinha encontra-se dormente” e “importa que haja frio, o que se está a verificar de forma satisfatória, pelo que o ciclo vegetativo não está prejudicado, decorre normalmente”.
Ainda assim, as equipas da comissão deste produto da região do Minho “encontram-se em contacto com os viticultores da região e identificarão quaisquer problemas que surjam nas próximas semanas”.
Na passada sexta-feira, fonte do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) indicou à Lusa a região Norte, que está em nível de seca fraca desde novembro, pode passar ao nível de seca moderada se não chover até ao final do mês.
Há, no entanto, “pontos com seca moderada” em Trás-os-Montes, que poderão evoluir para seca severa.
O IPMA distingue quatro níveis de seca: fraca, moderada, severa e extrema.
Em declarações hoje à Lusa, o diretor-geral da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), Firmino Cordeiro, notou que “chegar a meados de janeiro com pouca água acumulada no solo é terrível”.
“É terrível para as culturas que tradicionalmente se fazem nessa região mais litoral, como o vinho verde, milho de silagem, milho branco, outras fruteiras, kiwi, limoeiros, horticulturas ao ar livre, quase sem regadio, na zona de Póvoa de Varzim e outras zonas daquela mesma região do Entre Douro e Minho”, detalhou.
Já na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, as culturas de sequeiro, como “o olival tradicional, o amendoal, as vinhas na região do Douro” vivem em “solos muito débeis, à base de xisto, com pouca matéria orgânica, solos com pouca capacidade de retenção da água”.
“Nessas zonas, a água, quando chove de forma regular no inverno e na primavera, fica retida naquelas camadas. Se ela desaparece, se ela não entra, ela não está lá. Dizima a cultura deste ano e dificulta a cultura do ano seguinte, porque a planta tem de acumular reservas para as futuras rebentações do ano a seguir”, explicou o dirigente da AJAP.
Para João Morais, diretor da Associação dos Agricultores e Pastores do Norte a seca “ainda não é uma situação alarmante” no Norte do país.
O engenheiro agrícola esclareceu que a região sofre de “uma seca meteorológica, não uma seca hidrológica, como existe no Sul”, e isso acontece “porque ainda há água nos solos”.
Ambos os representantes do setor concordaram, no entanto, que é necessário que chova em fevereiro para que as culturas não fiquem comprometidas.