Montalegre vai acolher um centro que quer valorizar o Barroso Património Agrícola Mundial, obra orçada em 1,3 milhões de euros, que vai recuperar edifícios degradados do Estado e que aguarda visto do Tribunal de Contas para avançar.
“Já temos o projeto que está a aguardar o visto do Tribunal de Contas para ser iniciada a obra”, afirmou hoje o vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira, que salientou que este representa um “grande passo na valorização do território.
O Barroso, território que se estende pelos concelhos de Boticas e Montalegre, no Norte do distrito de Vila Real, foi incluído em 2018 na lista dos Sistemas Importantes do Património Agrícola Mundial do Barroso (GIAHS/SIPAM).
O Património Agrícola Mundial é uma distinção atribuída pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
O município de Montalegre disse, em comunicado, que o centro de acolhimento do SIPAM, onde se criará um espaço para o estudo, divulgação, investigação e degustação, vai ser instalado no antigo centro de formação agrícola da Aldeia Nova, onde existe um conjunto de sete edifícios espalhados por nove hectares e que fechou há 17 anos.
O projeto que visa a recuperação e reaproveitamento do edificado já tinha sido anunciado em 2020, representa um investimento de 1,3 milhões de euros e conta com um financiamento comunitário de 1,1 milhões de euros.
Há um ano foi constituído o consórcio que vai fazer a gestão do Centro para a Valorização do Barroso Património Agrícola Mundial – ValorBarroso.
As instituições parceiras são os municípios de Montalegre e Boticas, a Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega (CIMAT), o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e a DSTelecom.
No âmbito do projeto foi também anunciada a criação de 12 bolsas de doutoramento e três de pós-doutoramento.
“Estamos a desenhar os perfis para os doutoramentos e pós-doutoramento, essenciais para trazer conhecimento à região. Queremos que tenham uma visão de abrir caminhos, que olhem para o território com um sentido crítico e científico e que procurem as nossas mais valias na nossa paisagem e nos nossos produtos”, salientou David Teixeira, citado no comunicado.
O autarca acrescentou que “todo este trabalho deve potenciar o futuro da economia local”.
“Temos esperança que muitos dos possíveis doutoramentos sejam realizados por locais e que este envolvimento da população local seja um passo para a fixação dos ativos e que o desenvolvimento seja feito com as pessoas de cá”, frisou o autarca, após uma reunião de trabalho sobre o SIPAM.
Também o presidente do IPB, Orlando Rodrigues, disse que, depois de ultimados os termos do protocolo entre o instituto e as câmaras de Montalegre e Boticas, se vai agora arrancar com a “contratação de investigadores que serão financiados, em simultâneo, pelos dois municípios”.
O responsável acrescentou que vão “ser desenvolvidas iniciativas de formação, nomeadamente cursos de Verão”.
“O primeiro será sobre os sistemas naturais do Barroso no sentido de sensibilizar mais jovens para este património mundial. É uma dinâmica que é sustentada no conhecimento, na investigação e na valorização científica deste património único e com enorme potencial. Esperamos que no início de setembro já tenhamos aqui no terreno gente a trabalhar”, salientou ainda.
O Barroso foi o primeiro território português a integrar o SIPAM e um dos primeiros a ser aprovado na Europa.