Com um atraso de duas semanas, a apanha da castanha já começou, nos concelhos de Bragança e Vinhais, e vários produtores, adiantaram, hoje, à Lusa, que se prevê algumas quebras, um fruto mais pequeno, mas de qualidade.
“Os castanheiros tomaram muito ouriço, então as castanhas são miúdas, não têm o calibre que têm nos outros anos”, disse Artur Fonseca, produtor do concelho de Vinhais, que, por outro lado, frisou que a qualidade é boa.
Tem oito hectares de soutos, mas muita da sua castanha ainda não caiu. “A maior parte dos ouriços não está madura e então a castanha não está a cair como devia ser”, revelou.
No entanto, com os ouriços verdes e fechados, a produção é uma incógnita, visto que podem estar ocos.
“Os verdes, porventura, não terão nada, porque nesta altura já deviam estar acastanhados, para começarem a abrir e as castanhas caírem. Se tiverem, é uma castanha miúda, portanto, a produção vai ser um bocadinho mais fraca em termos de castanha com calibre, por isso, para o mercado, é capaz de haver menos”, adiantou.
A cultura da castanha tem sido bastante afetada pelas doenças, como a tinta e o cancro, pela vespa da galha do castanheiro e pelas oscilações de temperatura.
Há dois anos, os agricultores tiveram muita castanha, no entanto, de baixa qualidade, devido a um fungo que provocou a podridão do fruto.
Artur Fonseca chegou a colher 10 toneladas do fruto, nesse ano. No ano passado, o cenário foi diferente. Houve quebras significativas e conseguiu apenas duas toneladas.
Este ano, os castanheiros “tomaram ouriços a mais e as castanhas saem com um calibre muito reduzido”. “Se tivesse metade [das castanhas] de há dois anos, já ficava bem satisfeito”, sublinhou.
Embora a qualidade apontada por vários produtores, são esperadas quebras para alguns. É o caso de Pedro Santos, no concelho de Bragança.
O produtor considera que este ano a qualidade até será melhor que a do ano passado, no entanto, prevê uma quebra de “50%”. “Tenho vários soutos que os ouriços estão tão pequenos, que não têm castanha”, contou, adiantando que muitos ouriços estão verdes e “não têm castanha dentro”.
Situação causada pela falta de chuva, desde junho, e pelas vagas de calor, durante o Verão, o que levou também ao atraso da campanha em cerca de duas semanas.
Muitos agricultores só agora estão a fazer a apanha. Nesta fase, o preço pago pelo fruto ao produtor ronda os dois euros o quilo.
Alguns temem que não seja suficiente face à produção. “A castanha está melhor este ano e está a ser um bocadinho mal paga”, criticou Paulo Afonso, produtor no concelho de Vinhais.
A juntar a todos estes problemas, há ainda outro fenómeno que está a preocupar os agricultores e que pode pôr em causa o futuro dos soutos, a seca.
No concelho de Bragança, José Carlos Rodrigues é um dos maiores produtores. Tem 60 hectares de soutos a dar castanha e 30 têm castanheiros novos. Já chegou a colher 40 toneladas de castanha, mas no último ano ficou pelas 30. Nesta campanha não espera que seja diferente.
Contudo, o produtor revelou, à Lusa, que a sua maior preocupação é os castanheiros que estão a secar e, consequentemente, deixam de dar castanhas.
Apesar de apostar na replantação, salientou que são precisos muitos anos para que a produção dos novos seja igual à de um castanheiro mais velho. “Estes castanheiros, está tudo seco, quando estes castanheiros que estou a pôr novos virem a dar a produção daqueles eu já não estou cá, já é para os netos”, disse.
Questionado sobre o porquê de isto acontecer, disse não encontrar uma explicação.
A castanha é uma das culturas com mais impacto nos concelhos de Bragança e Vinhais.
Por ano, no concelho de Bragança são produzidas 20 mil toneladas e no concelho de Vinhais entre 15 a 20 mil toneladas. São os maiores produtores de castanha do país.















































