A Forest Knowledge Academy (FKA) nasceu no verão de 2022, integrada na Agenda Mobilizadora Transform, apoiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e pelos Fundos Europeus Next Generation EU. Tem como objetivo responder às necessidades de capacitação de produtores florestais, técnicos florestais e dirigentes de organizações florestais, e até de pequenas e médias empresas. Dois anos depois, Forestis e CoLAB ForestWISE explicam o que já foi feito e quais as metas a atingir até dezembro de 2025. “Idealizámos um projeto que tivesse resultados imediatos, mas que também apresentasse soluções a médio-longo prazo que servissem como base para uma futura rede colaborativa no setor florestal”, explica Rosário Alves, diretora-executiva da Forestis – Associação Florestal de Portugal.
Este projeto divide-se em quatro atividades essenciais e assenta, para já, na capacitação das 56 entidades do consórcio, que vão formar essa rede colaborativa. “Estamos a estudar outras redes, nomeadamente na Europa, e queremos criar um modelo orgânico de diálogo dentro do consórcio. Nas questões de capacitação, por existir um período curto do PRR que temos de cumprir, focamo-nos agora em quem faz parte do consórcio”, refere, alertando que a ideia, no futuro, é alargar o raio de ação do projeto: “A ‘atividade 1’ do FKA passa pela estruturação das bases e pela identificação das temáticas e valências mais úteis para os produtores florestais e demais agentes do setor, de forma a podermos, em 2025, ter a rede colaborativa aberta também a entidades externas. Não se trata de um projeto fechado, todo este trabalho que produzimos é para fora”. Já a segunda área de atividade diz respeito ao levantamento exaustivo que está a ser feito sobre a formação profissional florestal disponibilizada hoje no país. “Estamos a fazer um diagnóstico da oferta da formação profissional setorial em Portugal, em sentido amplo, para depois podermos ajustar as nossas ações às necessidades de formação das entidades do consórcio, mas também de outras entidades que nos pareçam pertinentes”, revela Rosário Alves.
Componente operacional
É nas ações de capacitação, a “atividade 3” da Forest Knowledge Academy, que o CoLAB ForestWISE intervém. “Nós atuamos na componente operacional. O nosso papel é assegurar atividades de capacitação ligadas à mecanização e telemetria florestal”, explica Sandra Valente, investigadora do CoLAB ForestWISE – Laboratório Colaborativo para a Gestão Integrada da Floresta e do Fogo. As quatro ações efetuadas entre outubro de 2023 e julho de 2024 (“Aplicações móveis para inventário florestal”, “Inovação e novas tecnologias na instalação de povoamentos florestais”, “Segurança no trabalho florestal”, e “Digitalization and new technologies for forest-based value chain planning”) contaram com 115 participantes, “o que demonstra o interesse das pessoas”, refere.
Agendadas até dezembro deste ano estão mais quatro ações de capacitação: “Aplicações móveis para inventário florestal” (organização CoLAB ForestWISE); “Avaliação de máquinas para uma gestão mais eficaz de operações florestais” (organização CoLAB ForestWISE, The Navigator Company e Altri); “Uso de imagens do sistema ‘Lidar terrestre’ para inventário florestal” (organização Escola Superior Agrária de Coimbra e CoLAB ForestWISE); “Parametrização de drones para recolha de dados florestais” (organização Escola Superior Agrária de Coimbra e CoLAB ForestWISE). A aposta nas ações de capacitação passa também por contar com o know-how de especialistas do setor. “Temos convidado consultores externos e especialistas da área para partilharem as suas experiências e conhecimentos ao serviço de outras entidades e a forma sobre como encaram o tema da mecanização e telemetria florestal”, conclui Sandra Valente.
Rosário Alves, da Forestis, reforça a importância do papel do CoLAB ForestWISE na Forest Knowledge Academy: “Contribui com uma visão muito ampla e conhecimento sobre o tema, visando responder a algumas necessidades de capacitação dos técnicos das entidades do consórcio.”
Trazer conhecimento ao local de ação
O grande objetivo da FKA, a longo prazo, é “Criar um Programa Setorial de Formação, para ser operacionalizado em 2025”, refere Rosário Alves, explicando: “Queremos envolver todo o tecido económico neste grande desafio, porque as pessoas devem ser capacitadas ao máximo dentro das próprias organizações, no contexto da sua atividade profissional. Queremos trazer muito mais conhecimento ao local de ação”. A implementação da Agenda Transform decorre até dezembro de 2025. Nesta altura, no projeto da Forest Knowledge Academy, “além de um Programa Setorial de Formação, deve estar ativa a plataforma de diálogo onde as entidades da rede colaborativa abordam questões ligadas à formação, inovação e outros assuntos setoriais; e precisamos de ter um grau de satisfação acima da média por parte de quem frequentou as ações de capacitação”, diz Rosário Alves.
A comunicação – a “atividade 4” da FKA – é também uma parte importante do sucesso da iniciativa. “É uma atividade mais transversal”, conta Rosário Alves. “Aqui, vamos procurar reunir os resultados mais significativos da Forest Knowledge Academy, sobretudo os de maior dimensão de utilidade pública, para os comunicarmos da melhor maneira. Há muitos projetos de transformação interna, feitos para as empresas e as indústrias, mas há vários outros, como demonstrações ou ensaios técnicos, que precisam de chegar ao produtor florestal mais remoto”.
Serviços de aconselhamento florestal mais alargados
A par do Programa Geral de Formação Profissional Florestal em curso, Rosário Alves considera que deveriam existir mais Serviços de aconselhamento florestal para os produtores florestais. “Não é formação nem capacitação, mas uma assistência técnica regular para apoiar de forma constante quem necessita de ajuda. Estamos, Forestis e organizações de produtores, também a desenvolver esse serviço: qualificar técnicos para darem assistência aos produtores e técnicos florestais, no que será sempre um complemento à Forest Knowledge Academy”, explica, indicando o passo seguinte: “A Forestis pretende que, no próximo Programa de Desenvolvimento Rural, o chamado PEPAC, o serviço de aconselhamento que já temos venha a ser alargado e aprimorado, além de mais focado e especializado no setor florestal”.
Artigo publicado originalmente na revista n.º 15, de setembro de 2024, que pode descarregar aqui.
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.