A CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal defende a promoção da utilização da biomassa florestal no aquecimento das habitações das explorações agrícolas e nos aglomerados urbanos, bem como das infra-estruturas públicas em meio rural. “Paralelamente deverá implementar-se um programa de apoio ao fabrico nacional de sistemas individuais de produção de calor e aquecimento a biomassa florestal, bem como apoio à sua aquisição e instalação”.
A proposta é avançada o documento estratégico “Ambição Agro 2020-30”, apresentado pela CAP no passado dia 24 de Setembro, e refere que esta medida enquadra-se nos domínios da acção climática, eficiência e transição energética, substituição de importações e melhoria das condições sociais e sustentabilidade da vida no espaço rural.
“Para além de contribuir para a diminuição do risco e dos efeitos dos incêndios rurais, promove ainda o uso de energia limpa, em detrimento da utilização de combustíveis fósseis, como o gasóleo ou o gás. Para além das vantagens ambientais, esta medida comporta evidentes benefícios sociais, pela melhoria das condições de conforto habitacional e poupança económica decorrente do recurso a tal fonte energética”, realça o documento da Confederação dos Agricultores de Portugal.
Crise estrutural no sector florestal
Explica a Confederação que Portugal vive uma crise estrutural no seu sector florestal. “A estrutura fundiária de uma vastíssima parte das zonas de floresta, associada ao despovoamento e alteração cultural das parcelas, por um lado, e ao decréscimo de valor dos produtos, por outro, levaram o País a um nó górdio que não foi ainda capaz de desatar”.
Acrescenta o documento que “os acontecimentos dos últimos anos, associados a terríveis fogos rurais e florestais, cada vez mais potenciados pelos efeitos das alterações climáticas, obrigam a que se encontrem várias soluções para o sector que, em conjunto, alterem o actual panorama. Numa perspectiva estratégica de longo prazo, tendo em vista uma efectiva diminuição do risco e em simultâneo a promoção da gestão do território, a CAP propõe um plano nacional de instalação de uma rede primária e de uma rede periurbana de faixas de gestão de combustível”.
Para a CAP, este investimento estrutural público, do domínio da protecção civil, que “permitirá diminuir substancialmente o risco em território rural e potenciar uma actividade agro-florestal economicamente viável, deve, na fase de instalação, promover o reordenamento fundiário desses espaços estratégicos e a devida compensação dos proprietários que asseguram nas suas propriedades esse serviço prestado às populações”.
O artigo foi publicado originalmente em Agricultura e Mar.