As redes sociais não podem mandar no país, tal como um pequeno partido com assento parlamentar não pode mandar no Governo.
Nas últimas décadas – e bem – desenvolveu-se uma consciência pública europeia relativamente à importância do bem-estar animal, que foi sendo acompanhada de produção legislativa. Consequentemente, as normas de produção animal sofreram alterações e no universo dos animais domésticos, aqueles que têm função de companhia, viram reforçado o seu estatuto de proteção.
Se estamos absolutamente de acordo que os animais não são objetos, também devemos estar inequivocamente de acordo que os animais – quaisquer animais – não são humanos. Esta é uma verdade à , mas não é demais recordá-la num espaço público e mediático totalmente divorciado do mundo rural e da vida na natureza. A dos animais, ou seja, a sua equiparação a seres humanos, é uma construção artificial e impede qualquer debate sério. Situação diferente é encarar os animais com , ou seja, com inteligência. Igualmente, é importante, e necessário, que se faça uma clara distinção entre animais de companhia, animais de produção e animais selvagens.
O crescente divórcio entre o mundo da cidade e o mundo rural e da natureza prejudica um debate fundamental, que tanto precisa de sensibilidade quanto precisa de bom-senso. O debate público, infelizmente, está marcado por um evidente excesso de sensibilidade e por um manifesto défice de bom-senso. Para agudizar mais a coisa, impera um enorme de conhecimento, verdadeiro conhecimento!
Esta polarização condiciona um debate sereno e uma discussão informada. Da mesma forma, a exceção que constituiu o lamentável episódio da Herdade da Torre Bela – na qual foram abatidos animais, numa prática que não pode ser confundida com a caça – não pode ser o ponto de partida para a tomada de decisões extremadas, ideologicamente vincadas e sem qualquer consideração pelo contexto social, económico e ambiental da caça.
Discutir a caça – e o futuro da caça – deve ser um debate tão racional e informado quanto possível. E não pode – em circunstância alguma – estar refém de preconceitos, desde logo,