A Rewilding Portugal manifesta a extrema consternação com a confirmação da extinção da borboleta-branca-da-Madeira (Pieris wollastoni). Segundo a Lista Vermelha Europeia das Borboletas, esta é a primeira espécie de borboleta europeia a ser classificada como globalmente extinta. Trata-se de um marco trágico na história natural do continente e do país, e um sinal claro do colapso em curso da biodiversidade.
A extinção desta espécie não é um caso isolado. Nos últimos dez anos, o número de espécies de borboletas ameaçadas na Europa aumentou 73%, passando de 37 para 65. As causas são conhecidas: perda e degradação de habitat, intensificação agrícola, drenagem de zonas húmidas, sobrepastoreio e fragmentação. A estas pressões soma-se o impacto crescente das alterações climáticas, que já afetam mais de metade das espécies ameaçadas. Em Portugal, onde persistem habitats únicos e espécies endémicas, o risco é particularmente elevado. As ilhas da Madeira e dos Açores, com ecossistemas frágeis e isolados, estão entre os locais mais vulneráveis.
Perante esta realidade, a Rewilding Portugal apela a um compromisso nacional pelo restauro ecológico, com urgência e ambição. Restaurar a natureza significa devolver funcionalidade aos ecossistemas degradados, recuperar a conectividade entre habitats e permitir que a vida selvagem volte a desempenhar o seu papel ecológico. É necessário restaurar rios, solos, zonas húmidas e florestas nativas; criar paisagens resilientes ao fogo e às alterações climáticas; e integrar as comunidades locais neste esforço coletivo, garantindo que o restauro se traduz em oportunidades sustentáveis para as pessoas e os territórios.
O restauro da natureza tem de deixar de ser um gesto simbólico e passar a ser um desígnio nacional. Portugal precisa de políticas públicas robustas, financiamento dedicado e mecanismos de monitorização e transparência que assegurem resultados mensuráveis: mais biodiversidade, mais habitats funcionais e mais equilíbrio ecológico.
A extinção da borboleta-branca-da-Madeira é um aviso. Cada perda representa a perda de mais um elo na teia da biosfera, tornando-a progressivamente mais frágil e menos resiliente. Se nada mudar, as extinções tornarn-se-ão cada vez mais frequentes. Mas ainda há tempo para inverter a trajetória, se atuarmos com determinação e visão de futuro.
“O desaparecimento da borboleta-branca-da-Madeira é um sinal claro que é urgente agir no restauro da biosfera. Restaurar a natureza exige coragem política, escala e urgência. O momento é agora”, afirmou Pedro Prata, Líder de Equipa da Rewilding Portugal.
A Rewilding Portugal reafirma o seu compromisso em acelerar iniciativas de restauro ecológico e promover paisagens mais selvagens e resilientes, em colaboração com comunidades, entidades públicas e privadas. O futuro da biodiversidade portuguesa depende da nossa capacidade de agir com ambição hoje.

Fonte: Rewilding Portugal












































