O Svalbard Global Seed Vault, Banco Mundial de Sementes, situado no norte da Noruega, recebeu na semana passada, cerca de 30.000 novas amostras de sementes, uma das maiores adições desde que o cofre foi criado, em 2008.
O Banco Mundial de Sementes recebe, por ano, três depósitos de sementes, contando atualmente com um repositório de cerca de 1,3 milhões de amostras de cerca de 7.000 espécies, enviadas de diversas partes do mundo, segundo um artigo publicado no New York Times. Entre elas, destacam-se os mais de 250 mil tipos de trigo, 160 mil tipologias de arroz e 46 mil tipos de milho.
De acordo com Asmund Asdal, coordenador do cofre norueguês, o mais considerável é o significativo número dos chamados bancos genéticos – organizações que armazenam as suas próprias reservas de sementes em locais ao redor do mundo – que participaram nesta última doação, com alguns a fazerem as suas primeiras contribuições para o Banco Mundial de Sementes.
Foram 23 os bancos de genes que fizeram contribuições, existindo atualmente, e a nível mundial, mais de 1.750 bancos de genes.
Svalbard não é o único lugar onde as sementes são armazenadas, explica o artigo, mas destina-se a ser um cofre, uma câmara de armazenamento praticamente selada, para uso em caso de emergência, uma vez que a maior parte do trabalho de guardar, estudar e partilhar sementes é feita pelos bancos de genes.
“Esses bancos funcionam de maneira semelhante ao sistema de arquivos de um computador, no qual os documentos são armazenados, mas facilmente acessíveis. Svalbard é o disco rígido externo do qual os arquivos podem ser recuperados em caso de perda”, salientou o coordenador do cofre na Noruega.
Asdal explicou ainda que, nos últimos anos, estes bancos genéticos têm vindo a expandir o seu alcance, pois começam a olhar para o seu trabalho como “uma corrida contra o tempo”.
O interesse na recolha de sementes, bem como a última elevada doação refletem “o stress crescente, a urgência e a necessidade de agir em tempos de alterações climáticas”, afirmou Stefan Schmitz, chefe executivo da Crop Trust, que gere o cofre norueguês junto com o governo da Noruega e o NordGen, um centro de investigação genética.
O artigo do New York Times realça ainda que muitas das novas sementes presentes no cofre vêm de áreas que sofrem com inundações em larga escala ou ondas de calor, dificultando a produção e desenvolvimento das colheitas, referindo ainda que os conflitos humanos surgem também como uma grande ameaça.
Stefan Schmitz frisou ainda que o futuro de uma agricultura resiliente ao clima pode depender de sementes que os agricultores negligenciam há décadas, afirmando que “a humanidade esqueceu, um pouco, a riqueza do que temos”. O diretor-executivo salienta ainda que, embora não existam certezas absolutas, o cofre de sementes na Noruega “é o lugar mais seguro que poderíamos encontrar para proteger estas sementes”.
O Banco Mundial de Sementes é também conhecido como um bunker para o fim dos tempos, tendo capacidade para 4,5 milhões de variedades de plantas. É composto por três andares e 1.000 metros quadrados, sendo capaz de resistir a terramotos de até 10 na escala de Richter, bombas, erupções vulcânicas e outras catástrofes naturais.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.