O aumento do consumo de carne no mundo, para um valor estimado de 28,6 quilogramas ‘per capita’ em 2033, é uma oportunidade para a indústria portuguesa de calçado, altamente especializada na produção de couro, destacou hoje a associação setorial.
Segundo dados do “OECD-FAO Agricultural Outlook 2024-2033”, embora o ritmo de crescimento do consumo de carne esteja a abrandar — passando de uma taxa média anual de 2,27% entre 1990 e 2024 para 0,14% até 2033 — a tendência mantém-se positiva, devendo atingir 28,6 quilogramas (kg) ‘per capita’ em 2033.
“Trata-se naturalmente de uma boa notícia para a indústria portuguesa de calçado, altamente especializada na transformação de couro”, defende o porta-voz da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS).
Citado numa ‘newsletter’ da associação, Paulo Gonçalves explica que “sempre que há crescimento da produção mundial de carne, há impacto direto na oferta global de couro”, o que “significa estabilidade e, muitas vezes, melhor qualidade do material disponível”.
Sublinhando a relevância estratégica desta evolução, o responsável lembra que “Portugal tem uma das indústrias de calçado mais avançadas e sustentáveis do mundo, transformando couro — um subproduto da indústria alimentar que, de outro modo, muito provavelmente seria desperdiçado — em peças de enorme valor, com ‘design’, durabilidade e prestígio internacional”.
“O crescimento do consumo mundial de carne reforça a disponibilidade de uma matéria-prima que sabemos trabalhar como poucos”, enfatiza.
Com o setor global da carne a manter-se num ciclo de crescimento moderado, mas contínuo, a indústria portuguesa de calçado encontra no couro “uma vantagem competitiva”, numa altura em que o mercado internacional “exige produtos de qualidade, longevidade e origem rastreável”.
“Num tempo em que se fala tanto de sustentabilidade, é importante lembrar que o couro é um material circular, aproveitado de uma cadeia produtiva já existente, e que o calçado português é referência mundial nessa integração responsável”, reforça Paulo Gonçalves.
Para a APICCAPS, combinando inovação, tecnologia e materiais de origem responsável, Portugal está “bem posicionado para consolidar o seu estatuto como produtor de calçado ‘premium’, precisamente num momento em que as dinâmicas globais da proteína animal geram novas condições de mercado”.
Acresce que, “num contexto de maior competição”, lembra a associação, esta ligação entre indústrias pode transformar-se num fator-chave de diferenciação.
Portugal exportou até setembro 53,3 milhões de pares de sapatos no valor de 1.321,7 milhões de euros, mais 3,8% em quantidade e 2,1% em valor face ao período homólogo, anunciou hoje a associação setorial.













































