Estudo prevê que até 2070 pelo menos 15 mil estirpes de vírus estarão prontas a cruzar a barreira entre espécies animais, podendo provocar novas pandemias. Morcegos são maior ameaça.
As alterações climáticas estão a levar os animais a procurarem áreas mais frias e a aumentar os contactos entre espécies, elevando em muito o risco de novos vírus infetarem humanos e de surgirem novas pandemias, alertaram investigadores nesta quinta-feira.
Atualmente, existem pelo menos 10.000 vírus que têm a capacidade de cruzar a barreira das espécies para os humanos, “circulando silenciosamente” entre mamíferos selvagens, principalmente nas profundezas das florestas tropicais, de acordo com um estudo publicado na revista Nature.
Mas, à medida que as temperaturas crescentes forçam esses mamíferos a abandonar os seus habitats nativos, essas espécies (e respetivos vírus) encontrarão outras espécies pela primeira vez, criando pelo menos 15.000 novas estirpes de vírus prontas a cruzar barreiras entre animais até 2070, prevê o estudo.
Esse processo provavelmente já começou e seguirá em curso mesmo que o mundo aja rapidamente para reduzir as emissões de carbono, representando uma grande ameaça tanto para animais quanto para humanos, destacam os cientistas.
“Nós demonstrámos um mecanismo novo e potencialmente devastador para o surgimento de doenças que podem ameaçar a saúde das populações animais no futuro, o que provavelmente também terá ramificações para a nossa saúde”, disse o coautor do estudo Gregory Albery, ecologista de doenças na Universidade de Georgetown (EUA)
“Este trabalho fornece evidências incontestáveis de que as próximas décadas não serão apenas mais quentes, mas mais doentes”, acrescentou Albery.
O estudo, que durou cinco anos, analisou 3.139 espécies de mamíferos, modelando […]