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– 12-12-2004 |
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Algarve : Das 200 f�bricas de conservas dos anos 40 sobrevivem apenas tr�sFaro, 12 Dez As duas �nicas f�bricas de conservas algarvias de "boa Saúde" e em plena produ��o são a Conserveira do Sul, com 80 oper�rios, e a Faropeixe, com cerca de 20 pessoas, ambas situadas em Olh�o. Com o apoio de fundos comunitários, foram modernizadas e t�m sistemas de qualidade implantados, disse � Lusa o director regional de Pescas da regi�o, Edgar Correia. Uma terceira f�brica de Olh�o, a Freitasmar, está praticamente a encerrar as portas, podendo depois reabrir com reajustes, adiantou aquele respons�vel. A par das tradicionais conservas de sardinha, atum, cavala, filetes de biqueiráo e ovas de sardinha – estas últimas consideradas o caviar portugu�s e que chegam aos dez euros a unidade nas grandes superf�cies – , as duas conserveiras decidiram apostar nos patés, produtos com paladares mais ao gosto dos novos consumidores. As f�bricas de conservas de Olh�o produzem delicados patés de sardinha, atum, marisco, cavala, gambas e salm�o fumado. Um dos respons�veis pela Faropeixe, Miguel Madeira, disse � Lusa que aquelas iguarias são j� praticamente o único produto que ali � confeccionado (exceptuando as latas, importadas da Su��a). "Quase j� s� fabricamos patés e os destinos são, além do mercado nacional, Espanha, B�lgica, Fran�a, M�xico, �ndia, Angola e o Jap�o", contou Miguel Madeira, observando que, para Jap�o, tiveram que adaptar o paladar das pastas de peixe, porque o povo japon�s "não está habituado a tanto sal nem a tanto picante". "Os patés t�m de ser quase insonsos, com menos picante e, em vez de flocos de batata, pediram batata fresca", explicou Miguel Madeira, acrescentando que Também preferem latas individuais de 10 gramas (em vez de 21 gramas), por questáes de higiene. � um tipo de conserva que agrada bastante ao consumidor dos países orientais, observou o director regional de Pescas do Algarve, garantindo que estáo a decorrer contactos para o Algarve Também exportar as pastas de peixe para a China e Coreia. Os patés representam cerca de 60 por cento da produ��o das duas ind�strias de conservas do Algarve, em grande parte a reboque do crescimento de consumo verificado nos sectores da restaura��o e hotelaria. As f�bricas de conservas continuam, contudo, a vender as tradicionais latinhas de sardinha com piri-piri em �leo ou azeite, sardinhas com tomate e picante, ovas de sardinha, carapaus em azeite, filetes de cavalas ou cavalas em molho picante, caldeirada de lulas, biqueiráo, anchovas, chaputa e atum. Uma das raz�es da persist�ncia, segundo Edgar Correia, � o pre�o daquela conserva, que � "o alimento mais barato do mundo". "Com dois papo-secos, uma lata de conserva a (40 c�ntimos) e um copo de �gua, uma pessoa tem uma refei��o por menos de um euro, com prote�na da melhor qualidade", observou o director regional das pescas do Algarve. Nos tempos �ureos da ind�stria conserveira do Algarve, cujos principais centros era Olh�o e Portim�o, mas Também Lagos, Lagoa e Tavira, em cada uma das 200 f�bricas da regi�o havia, em média, 150 a 200 oper�rios. O peixe era limpo, descabe�ado e colocado nas latas de conserva – com peso l�quido de 125 gramas – para, depois, ser consumido no estrangeiro. Inglaterra, Fran�a, e as ex-col�nias portuguesas em �frica durante a guerra colonial eram alguns dos principais mercados. A decad�ncia do sector come�ou nos anos 70. Os sal�rios m�nimos e a obriga��o de descontos para a segurança social – implementados ap�s o 25 de Abril de 1974 -, a forte concorr�ncia de Marrocos, o "boom" do Turismo e o atraso tecnol�gico das frotas levaram a ind�stria conserveira de peixe � crise. Uma das testemunhas privilegiadas dos tempos �ureos e da crise que se lhe seguiu � Fernando Gravanita, reformado, que vendeu conservas com a sua marca registada "Alteza" durante 48 anos, um pouco por todo o Pa�s. "O segredo era a folha de flandres, que naquele tempo vinha de Inglaterra", explica, adiantando que o azeite puro e as sardinhas cozidas em grelhas, e não directamente nas latas, são dois pormenores a que hoje não se d� valor. "As sardinhas são cozidas nas latas, são magras, congeladas e retardadas", desabafa, referindo que actualmente, pura e simplesmente, se recusa a comprar conservas. "Tenho ainda em stock várias conservas, mas quando acabar vou comer figos torrados e xer�m (papas de milho) como quando era crian�a, diz, orgulhoso por ao longo da sua vida ter vendido milhares de latinhas de conserva de "atum de luxo" e de "ovas de sardinha". "Vendi 5.500 latas de ovas de sardinha a 33 escudos, que levavam pimento verde, tomate, cenoura, cebola, salva, cravo de cabecinha e louro", enumera, observando que agora as ovas de sardinha que se vendem são, em �leo, e cada embalagem custa cerca de 10 euros. "As �nicas conservas feitas ainda manualmente são as dos A�ores", afirma o vendedor, que chegou a deambular pelo Alentejo montado na sua bicicleta, � procura de quem lhe quisesse comprar umas latitas de "Alteza".
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