“Isto já são frutos da próxima campanha”, explica David Tereso, enquanto pega em minúsculas laranjas que estão a desabrochar. O agricultor anda pelo seu pomar de citrinos, localizado na zona de Algoz, no concelho de Silves. Nas árvores encontram-se frutos que deverão ser colhidos no mês de outubro. Mas, para este agricultor, já nada é um dado adquirido. O tempo quente que se fez sentir em abril deixa muitas incertezas no horizonte. “Foram calores acima dos 30 graus e isso vai fazer com que todos estes que estão amarelos não vão vingar e ao não vingarem, não há colheita”, explica, apontando para os frutos.
A empresa de David Tereso tem cerca de 300 hectares de pomares de citrinos, e a maior parte não se situa em qualquer perímetro de rega. Por esse motivo, as árvores são regadas com água proveniente de furos artzianos. “Nesta altura ainda não estamos a apanhar água salobra”, garante. Mas o nível dos furos está a baixar drasticamente e “a água vem mais turva, não tem tanta qualidade”.
Alguns agricultores da zona do barlavento algarvio (entre Silves-Portimão e Vila do Bispo) já se queixam de que há furos à beira da salinização. O diretor regional de agricultura do Algarve revela que os lençóis freáticos da região têm pouca água. “Alguns deles têm níveis de armazenamento abaixo dos 25%”, garante Pedro Valadas Monteiro. “Significa que estamos com uma […]