É possível poupar 30% de água em casa. Mas falta pensar na eficiência dos equipamentos e mudar o discurso. Ao i, o professor Armando Silva Afonso ressalva ainda a importância do aproveitamento da água das chuvas.
A segurança hídrica é um tema que não sairá da agenda nacional nos próximos tempos. O Governo já reconheceu que Portugal Continental vive “uma das situações de seca mais grave deste século, devido à conjugação de invulgares temperaturas e fraca precipitação”.
E, apesar de setembro ter dado tréguas, as chuvas não foram suficientes para o aumento das disponibilidades hídricas, como confirmou o Ministério do Ambiente e Ação Climática, no seguimento da reunião interministerial com a tutela a Alimentação e Agricultura, na passada sexta-feira.
Depois de em agosto o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ter alertado que quase 40% do território se encontrava em situação de seca extrema, no mês passado verificou-se uma regressão “muito acentuada” desta situação meteorológica.
De acordo com a nova atualização do Índice PDSI – que tem em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo – divulgada na segunda-feira pelo IPMA, 3,3% do território encontra-se em situação de “seca fraca”, 32,2% está em situação de “seca severa” e 64,3% do território encontra-se em situação de “seca moderada”. Apenas 0,2% do território está em estado de “seca extrema”.
Com a seca a tornar-se o novo normal, aguardam-se políticas do poder central e local que assegurem o abastecimento, enquanto noutros países, como em Israel ou na Arábia Saudita, já se avançam com soluções dispendiosas como a dessalinização da água do mar.
Armando Silva Afonso, que se dedica há vários anos ao estudo da eficiência hídrica em edifícios, tem alguma dificuldade em entender este tipo de estratégia, considerando que é preciso mudar o chip nesta matéria. “Numa situação de falta de água, antes de se falar de dessalinização ou de reutilização, a primeira coisa é reduzir os consumos, só depois é que se pode começar a falar em aumentar as ofertas”, defende o professor catedrático (já aposentado) do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro.
Não sendo o setor urbano o principal consumidor de água em Portugal – o setor agrícola, por exemplo, consome sete vezes mais água –, certo é que a redução dos consumos pode começar logo a partir de casa com uma ideia simples: poupar […]
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