Reunida ontem em Lisboa, a Direção da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) fez uma primeira avaliação sobre a questão dos recentes incêndios rurais que arrasaram vastas áreas do território, com consequências dramáticas para um elevadíssimo número de agricultores e proprietários rurais, destruindo bens materiais, matando animais e aniquilando meios produtivos e de subsistência, e que se dirigiram à Confederação em estado de profunda revolta e indignação pela forma como o Governo se demitiu das suas responsabilidades.
A CAP associa-se ao luto nacional em que o País mergulhou, lamentando profundamente, e uma vez mais, a inaceitável e incompreensível ausência de capacidade do Estado em proteger os seus cidadãos, elevando a perda de vidas humanas a números que custam a acreditar ser possíveis verificarem-se nos dias de hoje. Decidiu, assim, exigir publicamente o apuramento das responsabilidades do Estado e dos seus representantes, assim como a assunção de todas as medidas necessárias para que, em definitivo, uma situação como esta não volte a repetir-se.
Para a Confederação, o Estado falhou gravemente nas suas obrigações quanto à proteção das pessoas, particularmente nas zonas rurais, e deverá assumir a responsabilidade pela perda de vidas humanas, mas também dos meios produtivos nas várias regiões do país, indemnizando de forma justa e coerente os agricultores e os cidadãos em geral afetados por esta situação. A Direção da CAP considera tratar-se de uma questão de segurança nacional, que compete ao Estado, e que este, após os acontecimentos de Pedrogão Grande, não poderia de forma alguma ter deixado que se repetisse.
A CAP lamenta ainda que o Orçamento de Estado recentemente apresentado não contenha medidas específicas que visem infraestruturar convenientemente o País de meios e tecnologia para fazer face a fenómenos desta natureza, muito relacionados com a seca e as alterações climáticas, numa atitude de alheamento e indiferença perante factos recentes e preocupantes, face ao futuro e à salvaguarda de parte significativa do território e suas populações.
A Direção da CAP uma vez mais alerta para a necessidade de toda esta temática dever ser enfrentada de forma profissional, na certeza de que se assim não for viveremos no futuro tragédias semelhantes, inadmissíveis e intoleráveis num país da União Europeia em pleno século XXI.
Em ambiente de profunda consternação, a Direção da CAP renova o seu voto de profundo pesar e solidariedade para com as famílias enlutadas, bem como com todo o conjunto de agricultores e demais cidadãos que viram as suas vidas e os seus bens atingidos por tamanha tragédia de nível nacional.
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