Os Açores preveem começar a implementar, este ano, um plano estratégico para a vitivinicultura, a 10 anos, que visa aumentar a produção e dar mais visibilidade aos vinhos da região, revelou hoje o secretário regional da Agricultura.
“Pretende-se mais exportação de vinhos, mais produção, mais capacidade de transformação, mais mão de obra, mais ciência, mais ligação à terra e mais criação de emprego em todas as ilhas”, afirmou, em declarações à Lusa, o secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, António Ventura, à margem de uma reunião com a direção da Adega Cooperativa dos Biscoitos, na ilha Terceira.
O Plano Estratégico da Vitivinicultura para a Região Autónoma dos Açores, que será colocado a consulta pública, durante o mês de janeiro, será posteriormente aprovado em Conselho de Governo e deverá começar a ser implementado em 2022.
Segundo António Ventura, o documento, que recebeu contributos de meia centena de personalidades, integra “18 medidas e 58 ações, a realizar nos próximos 10 anos”.
“Pretende recuperar o tempo perdido e perspetivar no futuro um desenvolvimento que tem a ver com a criação de emprego, com a fixação de pessoas e com a diversificação económica, apostando na vinha, no vinho e nos produtos”, frisou.
Entre as principais medidas do plano, o secretário regional da Agricultura destacou a criação de um livro branco para o enoturismo e a criação da “Rota dos Vinhos dos Açores”.
“Há cada vez mais turistas a procurar, a apreciar e a comprar o vinho e a referenciar as zonas pela produção de vinho”, sublinhou.
O governante disse ainda esperar que o Instituto da Vinha e do Vinho seja “aprovado o mais rapidamente possível” e que possa entrar em funcionamento “este ano”.
“Este organismo irá planear, orientar e operacionalizar todas estas políticas e este plano estratégico”, apontou.
António Ventura realçou, por outro lado, a criação do Observatório da Vinha e do Vinho, entidade que deverá acompanhar a execução do plano, elaborando ainda relatórios sobre os programas VITIS (Regime de Apoio à Reestruturação e Reconversão da Vinha) e sobre a sustentabilidade do setor vitivinícola na região.
O organismo deverá ainda elaborar “contas de cultura” para diferentes ambientes edafoclimáticos da cultura da vinha nos Açores e avaliar o impacto sócio-económico da produção.
Poderá também fazer sugestões sobre a experimentação, vulgarização e formação profissional, sobre a promoção e comercialização dos produtores vitivinícolas regionais e sobre a divulgação do enoturismo regional.
“Há necessidade de cursos de formação, de podas, por exemplo, de enxertias, de colheita… A ligação forte às escolas profissionais, ao ensino regular e, especificamente, dentro da secretaria, é fundamental implementar”, avançou António Ventura.
O secretário regional da Agricultura adiantou que está a ser considerada também a criação de “majorações, formação e até, provavelmente, importação de mão de obra”.
Para o presidente da Adega Cooperativa dos Biscoitos, Ricardo Rodrigues, este plano é importante para “alavancar” um setor, que tem “evoluído bastante” nos últimos anos.
“Nós achamos que é um fator extremamente importante para alavancar um setor que durante muitos anos esteve esquecido. Achamos que a vitivinicultura tem a importância de ser mais um setor para a diversidade do que a região pode oferecer, quer a nível turístico, quer a nível da qualidade dos produtos que podemos apresentar”, apontou.
Na área vitivinícola dos Biscoitos, na ilha Terceira, tem-se registado um aumento de novos produtores, mas o foco deve ser, sobretudo, a aposta na qualidade do produto, a pensar em “nichos” de mercado, defendeu Ricardo Rodrigues.
“É nisso que nós nos podemos diferenciar, apresentando um produto com qualidade, que se consiga identificar onde é produzido”, sublinhou.
Açores: Apresentado Plano Estratégico da Vitivinicultura dos Açores 2022-2031