Produtores do Algarve cansados dos roubos do novo “ouro verde” instalam sistemas de câmaras nos pomares. GNR já deteve mais de 20 pessoas este ano.
José Pedro Machado cansou-se de ver a fruta da sua propriedade de 35 hectares ser roubada e instalou um sistema de videovigilância. Quando os larápios lhe entram pela plantação de abacate com simples sacas de plástico para roubar a fruta, o agricultor de Faro recebe os alertas do sistema de câmaras e, conta, vai à cena do crime. Os alertas podem surgir durante o dia ou à noite e José Pedro, 54 anos, não se aventura sozinho. “Levo dois ou três empregados comigo e às vezes outros produtores aqui da região”, conta. Já conseguiu parar mais do que um roubo, um deles com 300 quilos de fruta já apanhada, no chão. “Dessa que consigo recuperar uma parte já está estragada porque foi apanhada antes do tempo”, queixa-se.
O mês passado foi de colheita de abacate e José Pedro Machado não é o único com histórias recentes para contar. Duarte Pereira, técnico de uma cooperativa espanhola chamada Trops, que abriu uma sucursal no Algarve, observa que “tem aumentado a incidência deste tipo de roubos”. “Não são casos isolados, dá a ideia de que existem grupos organizados”, aponta, acrescentando que não tem dados concretos. Quem os tem é a GNR, que este ano já deteve pelo menos 22 pessoas por roubo de pomares no Algarve, sobretudo de abacate (1300 quilos) e de alfarroba (3100 quilos). A cotação do abacate – fruto da moda que invadiu os pomares do Algarve – e da alfarroba explicam a atração dos ladrões pelos pomares.
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