À parte das oscilações das moedas, a Ucrânia e a criação de dois espaços geopolíticos e ideológicos – um democrático, outro autocrático-referido pelo presidente Biden na sua viagem à Europa, já teve consequências na disputa entre as duas grandes potências.
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O factor económico
Bem longe disso, embora o discurso dos representantes de Pequim venha eivado daquela retórica onusiana da paz e fraternidade entre os povos, a realidade é outra, a começar pela economia, embora no caso em questão, a política e os interesses estratégicos contem mais que a economia.
O comércio entre a Rússia e a China tem vindo a crescer – o valor que no ano passado atingiu, 147 biliões de Dólares norte-americanos, duplicou desde 2015; e, a partir das novas sanções causadas pela guerra da Ucrânia vai, com certeza, crescer a ritmos maiores para poder atingir, em 2024 os 250 biliões. A Rússia é superavitária neste comércio, exportando para a China petróleo, gás, carvão e produtos agrícolas. A Rússia é o segundo exportador de petróleo para a China, depois da Arábia Saudita, vendendo cerca de 1.600.000 barris/dia, parte dos quais seguem através dos 4.070 kms do pipeline da Sibéria Oriental Oceano Pacífico (ESPO). A Rússia é, também o segundo fornecedor carvão da China e o nº 3 de gás.
Segundo analistas da Reuters, ao aumento exponencial do comércio bilateral junta-se o esforço dos dois parceiros em afastar-se dos pagamentos em Dólares e de retirar os seus negócios financeiros da rede SWIFT. Esta diversificação pode impulsionar uma coisa que a China vem procurando, na última década conseguir – criar um espaço financeiro alternativo ao sistema de hegemonia do Dólar norte-americano.
Note-se aliás que as sanções e a sua mecânica e consequências criaram uma convergência de factores nesse sentido; enquanto o rublo russo tem […]