Já dizia Joel Branco, numa célebre música infantojuvenil da década de 80, “árvore é um amigo” algo que nos convém recordar, ainda mais no momento em que se assinala, a 21 de março, o Dia Internacional das Florestas. Sendo uma data celebrada por deliberação das Nações Unidas em 2012, serve para recordar e sensibilizar a sociedade sobre a necessidade de preservar e utilizar de forma consciente e responsável, um dos recursos mais nobres e preciosos que dispomos no Planeta.
Quando falamos em floresta temos, forçosamente, de analisar as espécies florestais e o seu enquadramento nas inter-relações estabelecidas entre os ecossistemas e a biodiversidade nela incorporadas. Assim, mais metade da floresta portuguesa é ocupada por montados de sobro, azinho e por pinhais. Juntos, representam 63% da área florestal de Portugal Continental. Os dados são referentes a 2015 e constam do Relatório Completo do 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN6) do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), divulgado em novembro de 2019.
Por outro lado, e noutro espetro de análise, considerando o estudo efetuado pela Direção – Geral do Território, elaborado a partir da Carta de Ocupação e Uso do Solo referente a 2018, a floresta mantinha-se como sendo a categoria mais representativa na ocupação do solo de Portugal continental, e nela o pinheiro-bravo mantém-se a espécie mais comum na floresta nacional, correspondendo a 29% da área florestal de Portugal continental. Mas, vendo de outra perspetiva, a floresta de pinheiro-bravo ocupa pouco mais de um décimo (11%) do território português, sendo que a sua área tem vindo a perder terreno, sobretudo para o eucalipto, a uma média de 6,5 mil hectares por ano.
Evitando ceder à politização e discussão sobre a exploração da floresta portuguesa, importa alertar para o facto de termos de olhar para a floresta como um importante parceiro e aliado para o combate às alterações climáticas. Se estivermos, por exemplo, focados na análise da pegada de carbono dos países, organizações e entidades públicas ou privadas, devemos considerar a floresta como um precioso ativo capaz de compensar e sequestrar as emissões de carbono. O roteiro para a neutralidade carbónica, assim o exige, devidamente alicerçado nas mais recentes políticas mundiais e europeias, tais como o Acordo de Paris, a Agenda 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ou, mais recentemente, o Pacto Ecológico Europeu.
E, falando em sequestro de carbono, de acordo com o assinalado no sítio de internet Florestas.pt, as florestas plantadas de eucalipto e pinheiro-bravo destacam-se, ambas, em Portugal, pela capacidade de sequestrar carbono, tendo em conta os valores disponíveis. O Pinheiro bravo capta entre 15-26 t CO2/ha/ano e o Eucalipto capta entre 12-32 t Co2/ha/ano. Como também destaca esta plataforma de informação, a renovação constante destas espécies, decorrente da sua exploração sustentável, permite a continuidade desta função e um efeito mitigador das alterações climáticas a curto prazo. A longo prazo, a manutenção de florestas de crescimento mais lento permite a acumulação de maior quantidade de carbono no solo. São claramente informações úteis a considerar para a descarbonização da nossa economia.
Tal como diz a música “A árvore é um amigo”. Nos dias de hoje, em relação à floresta, aplica-se o mesmo princípio que se aplica nas nossas vidas: somos muito mais ricos se tivermos muitos amigos e diferentes uns dos outros, pois a riqueza reside ainda na mais na diversidade do que na quantidade.
CEO Caravela Sustentável, Consultora Ambiental e de Economia Circular