Dia 13 de novembro todos os caminhos vão dar a Viseu. Porque é dia de Conferências Vida Rural e viajamos ao coração do Dão, no Solar do Vinho do Dão, para falar de resiliência em vitivinicultura. Os motivos para assistir são muitos, mas deixamos-lhe alguns:
1_Quais as pragas e doenças emergentes que mais preocupam? É possível prevenir e controlar?
Aumento da temperatura, períodos de seca prolongados e fenómenos climáticos cada vez mais extremados aumentam a suscetibilidade das vinhas a pragas e doenças emergentes que ameaçam a produtividade. Aos desafios das alterações climáticas junta-se a cada vez mais reduzida disponibilidade de substâncias ativas autorizadas para o combate fitossanitário. Trabalhar a resiliência das plantas parece ser cada vez mais consensual, mas será suficiente para evitar perdas consideráveis na produção?
Gilberto Lopes, Field Technical Lead Atlantica & Norte, da Syngenta, vai apresentar o diagnóstico destas pragas e doenças por região e algumas soluções de prevenção e controlo. Uma apresentação seguida de um debate onde discutiremos as novas dinâmicas que tornam a gestão cada vez mais desafiante. Cigarrinha-verde, traça da uva ou cryptoblabes são algumas das pragas que preocupam e se tornam incontroláveis em algumas regiões, num contexto de reduzida oferta de soluções fitossanitárias. O que é possível fazer para minimizar prejuízos? Que ferramentas dispomos e como responder num contexto de redução de substâncias ativas autorizadas? Uma conversa com Ana Paula Carvalho, Subdiretora Geral da DGAV, Ricardo Ramiro, Director Data Management and Risk Analysis do InnovPlantProtect, João Cardoso, diretor-geral da Croplife, e Ana Chambel, técnica da Avipe.
2_ Rega subterrânea: o investimento compensa?
A rega subterrânea permite gerir a eficiência hídrica e praticar um regadio de precisão, mas a falta de conhecimento e o investimento inicial mais elevado em comparação com sistemas de rega tradicionais tem levado a pouco entusiasmo pela técnica. As novas tecnologias e ensaios recentes prometem trazer novos dados para reflexão.
Igor Gonçalves, técnico da ADVID vai explicar como funciona este sistema a partir dos resultados preliminares dos ensaios já realizados e quais os custos versus benefícios desta tecnologia.
3_Menos é mais em rega?
O estado hídrico da vinha deve estar orientado para os objetivos de produtividade e qualidade e, nesta lógica, a rega deficitária tem lugar, permitindo gerir o stress hídrico com recurso a sensores, cada vez mais sofisticados, adaptando o regadio às mudanças climáticas. Fernando Alves, Head of Research & Development da Symington vai partilhar a estratégia e frequência de rega da empresa, com recursos a monitorização e sensorização.
4_Qual o papel da biodiversidade na resiliência vitícola?
Se a resiliência é capacidade de adaptação, a biodiversidade funcional pode dar à vinha a flexibilidade necessária para enfrentar stress climático, pragas e desequilíbrios e é uma ferramenta estratégica eficaz para reduzir riscos e promover ecossistemas mais sustentáveis e resilientes. Filipa Tereso, gestora agrícola da Agrosustentável, vai falar sobre as diferentes dimensões da Biodiversidade funcional e a sua importância na vinha, bem como da avaliação integrada de fauna auxiliar e fitófagos. Oportunidade para perceber o papel das infraestruturas ecológicas na construção de paisagens que potenciam a biodiversidade funcional.
5_Qual a relação entre a gestão do ecossistema e a rentabilidade?
Solo e biodiversidade são encarados cada vez mais como ferramentas de gestão. Mas há relação direta entre a melhoria do ecossistema vinha e a rentabilidade da exploração? Em que domínios? O que se ganha e o que se perde? Estamos a medir? António Graça, Head of Research and Development na Sogrape fala das prioridades na gestão do ecossistema, dos custos versus retorno e da necessidade de medir para tomar decisões com dados.
6_Qual o papel das castas na adaptação?
Manter a qualidade e tipicidade são desafios importantes, numa altura em que as alterações climáticas são um fator de pressão e o mercado está em constante evolução na procura por diferenciação. Como gerir o leque de castas na vinha para manter resiliência e qualidade? O que sabemos sobre castas resilientes? Qual o papel das castas minoritárias? Deve haver abertura para castas resistentes?
Elsa Gonçalves, professora no ISA/UL e PORVID vai esclarecer estas questões. Para saber o que estão os produtores a fazer na prática com o conhecimento testado pela conservação e seleção genética das castas autóctones, vamos ouvir
José Carlos Fernandes, Diretor de Viticultura da Aveleda, e Paulo Hortas, Diretor de Viticultura da José Maria da Fonseca, numa conversa moderada por Ana Rodrigues, técnica do CoLAB Vines & Wines – Polo do Dão.
7_Será a tecnologia o motor da resiliência?
Sensores, automação, IA, robótica. O que temos estado a testar de tecnologia aplicada à vinha? Como podem os produtores beneficiar de toda tecnologia que se tem desenvolvido para o setor nos últimos anos? É possível escalar e democratizar estas ferramentas? Mário Cunha, investigador da FCUPINESC TEC vai falar de fenotipagem digital de alto débito para a vinha, aliada à robótica para viticultura de precisão. Tempo para saber como fazer diagnósticos avançados de stresses bióticos e abióticos, mapeamento metabólico e maturação de precisão e a previsão multiescala da produtividade.
8_ O Dão está sob pressão?
A fechar a tarde, Manuela Nina Jorge, partner da Agro Ges, vai apresentar um estudo sobre a dimensão e características da vitivinicultura da região do Dão.
Uma introdução perfeita para a mesa-redonda que se segue, onde enólogos, viticultores e gestores vão refletir sobre a singularidade como fator de distintivo. Em regiões com um terroir muito marcado, a diferenciação é decisiva para o reconhecimento e crescimento dos projetos. Mas serão as castas um fator verdadeiramente distintivo? Como conciliar tradição e modernidade? A sustentabilidade é essencial no storytelling? Devemos apostar na ‘nova’ naturalidade ou no old fashion way? Perguntas para Manuel Pinheiro, chairman da Global Wines, Tiago Macena, da No Rules Wines, Jorge Serôdio Borges, do projeto MOB, Nelson Coelho, da Casa da Passarella e Nuno Cancela de Abreu, da Boas Quintas.
Um dia intenso de partilha que não vai querer perder!
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.












































