O mercado de biopesticidas na América Latina está a crescer substancialmente, impulsionado pela crescente procura por alternativas no controlo de pragas e pela necessidade de diversificar as opções de gestão de pragas face ao desenvolvimento de resistência, segundo um estudo da CropLife Latin America.
De acordo com a análise, o mercado regional deverá atingir os 1,85 mil milhões de dólares em 2025, com previsões a apontarem para 3,53 mil milhões de dólares até 2030, a uma taxa de crescimento anual composta de 13,8%.
O Brasil domina a atividade do mercado regional, com mais de 40% de participação, assim como as vendas de bioinseticidas atingiram cerca de 900 milhões de dólares em 2023/24. O crescimento tem sido particularmente acentuado devido às pressões de pragas invasoras, como a Helicoverpa armigera, que devastou a produção de soja, algodão e milho no Brasil após a sua deteção em 2013 e rápida disseminação nas regiões produtivas.
Na Argentina, as vendas de produtos agrícolas orgânicos superaram os 840 milhões de dólares em 2024, o que tem impulsionado a adoção de biopesticidas para cumprir os requisitos de certificação e os padrões do mercado de exportação.
Na Colômbia, a utilização de organismos microbianos nativos para o controlo de pragas, incluindo programas para controlar a traça-da-batata, destaca a inovação regional baseada na biodiversidade local
Segundo o estudo, o padrão de adoção varia consideravelmente entre os diferentes sistemas de produção e escalas de produtores. Por exemplo, no Brasil, e no que toca à produção de soja e cana-de-açúcar, mais de 50% dos produtores integram biopesticidas com programas químicos convencionais, melhorando os rendimentos e os indicadores de sustentabilidade.
No entanto, os pequenos produtores enfrentam barreiras de acesso, como custos mais elevados por hectare, disponibilidade limitada e lacunas no conhecimento sobre o momento certo de aplicação e protocolos de integração.
A análise da CropLife sublinhou ainda que os maiores benefícios dos biopesticidas são alcançados através da integração com pesticidas químicos, criando defesas robustas contra pragas e promovendo a sustentabilidade. De acordo com o estudo, esta abordagem sinérgica é fundamental para lidar com crises de resistência, em que as populações de pragas desenvolvem menor suscetibilidades aos métodos químicos de controlo.
Apesar do crescimento do setor, várias barreiras ainda limitam a adoção mais ampla de biopesticidas na agricultura latino-americana. Os principais obstáculos incluem elevados custos, disponibilidade limitada e estruturas regulatórias complexas. Especialistas regionais apontam que a acessibilidade e a escassez de fornecimento dificultam o acesso dos agricultores a estas tecnologias, especialmente para os pequenos produtores, que têm menos capital para investir.
Além disso, os obstáculos regulatórios atrasam a aprovação dos produtos, com os esforços de harmonização na América do Sul a ficarem atrás de outras regiões globais.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.













































