Os países do sul da Europa continuavam hoje a combater incêndios no meio de uma onda de calor, com a situação mais grave em Espanha, onde foi registada a terceira morte no combate aos fogos.
Um homem de 36 anos morreu hoje, depois de ter ficado em estado crítico juntamente com outras cinco pessoas no combate a um incêndio na região de Castela e Leão (noroeste), que já tinha causado uma vítima mortal.
O primeiro-ministro, Pedro Sánchez, lamentou “a morte de um segundo voluntário em Leão” e salientou que “a ameaça continua a ser extrema” em Espanha, para onde a França enviou hoje dois Canadair.
A Espanha, onde já tinha morrido na terça-feira um homem a combater um incêndio perto de Madrid, entrou no 12.º dia de alerta de onda de calor.
Onze incêndios estão classificados no nível 2 (de uma escala de quatro), o que implica o envio de pessoal adicional, nomeadamente militar, e de equipamento de combate a incêndios.
O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, disse na televisão pública TVE que “uma área significativa foi queimada” em Zamora e que este incêndio era muito preocupante.
O ministro apelou aos voluntários que combatem os incêndios para que “obedeçam imediatamente” às instruções das autoridades e à população para que abandone imediatamente as zonas afetadas quando houver uma situação de risco.
Enquanto a maioria dos espanhóis procura refrescar as casas à noite, outros têm de se confinar ou abandonar apressadamente as habitações devido ao avanço das chamas.
Desde o início dos incêndios, 10.700 pessoas foram retiradas de casa, segundo o Ministério do Interior.
País na linha da frente do aquecimento global na Europa, a Espanha está habituada a temperaturas extremas, mas há alguns anos que enfrenta uma multiplicação e intensificação das ondas de calor, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Desde o início do ano, 148.205 hectares foram consumidos pelas chamas no país, de acordo com o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), e foram registados 200 incêndios.
Além de Castela e Leão, a Galiza (noroeste), a região de Valência (leste) e a Estremadura (oeste) são motivo de grande preocupação, e cerca de 15 eixos rodoviários estavam cortados, de acordo com um mapa da Direção-Geral do Tráfego (DGT).
No vizinho Portugal, cerca de 15 meios aéreos foram mobilizados para combater quatro grandes incêndios florestais no norte e no centro do país.
O fogo em Arganil (Coimbra) estava a ser combatido hoje de manhã por mais de 900 bombeiros, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Os outros três incêndios que levantavam maiores preocupações eram os de Sátão e Cinfães (Viseu) e o de Trancoso (Guarda), sendo que este último era o que tinha uma situação “menos desfavorável”, de acordo com a ANEPC.
Até agora, Portugal é o terceiro país da União Europeia com mais área ardida este ano, cerca de 75.000 hectares, depois de Espanha e Roménia (123.816).
Na Grécia, onde 20.000 hectares foram destruídos desde junho, os bombeiros conseguiram conter o incêndio que ameaçava Patras, principal porto para a Itália e terceira maior cidade do país.
Noutras partes da Grécia, aviões-tanque combatiam hoje incêndios na ilha de Zante (oeste), na ilha de Chios (leste) e perto da cidade ocidental de Preveza.
Nos Balcãs, os incêndios mataram pelo menos duas pessoas e levaram à evacuação de várias zonas, envolvendo milhares de habitantes.
Um calor escaldante continuava hoje a afetar a Itália, relativamente poupada pelos incêndios, com 16 cidades em alerta vermelho, incluindo Roma e Veneza.
Apesar disso, espera-se que os italianos empreendam a grande migração do fim de semana do feriado de 15 de agosto: 12 milhões de veículos são esperados nas estradas.