1. Já conhece a Herdade da Lisboa?
Ir à Vidigueira é sempre uma boa ideia! E conhecer a Herdade da Lisboa, da Família Cardoso, também. Uma belíssima adega, com um acolhedor espaço para enoturismo, que vai receber os participantes da conferência VIDA RURAL. Desafiados pelos nossos parceiros da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), será a primeira vez que organizaremos uma conferência numa adega, um espaço de trabalho, mas também de (muito) conhecimento.
2. O que se sabe sobre as castas resistentes?
As castas resistentes a fungos, mais conhecidas pelo acrónimo Piwi, estão longe de ser consensuais na comunidade vitivinícola. Podem ser o futuro de uma viticultura mais sustentável? Alexander Morandell, presidente da Piwi International, vai abrir a conferência e traçar o panorama da implantação destas castas na Europa e respetivos resultados.
E em Portugal? O que pensa o setor sobre esta possibilidade? É possível fazer uma viticultura mais ecológica sem castas resistentes, trabalhando as práticas culturais e a resiliência da vinha? Ou estamos a perder terreno para outros países europeus onde a área de vinhas piwi avança a bom ritmo? Uma conversa para argumentar os prós e contras com Elsa Gonçalves, investigadora no ISA e presidente do grupo ‘Genetic Resources and Vine Selection’ da OIV; Jorge Boehm, produtor, viveirista e detentor da única variedade resistente inscrita no Catálogo Nacional de Variedades (a Defensor); Jorge Cunha, investigador do INIAV; Carlos João Pereira da Fonseca, produtor da Quinta do Sanguinhal e Joana Lima, consultora e responsável pelo departamento de sustentabilidade da Agro.Ges.
3. Devemos preparar-nos para uma viticultura semelhante ao norte de África?
Menor disponibilidade de água, mais doenças e pragas, desequilíbrios na produção e na qualidade. Será uma inevitabilidade? O que podemos esperar dos efeitos das alterações climáticas nas vinhas nacionais? João Santos, investigador da UTAD e considerado um dos cientistas climáticos mais ‘influentes do mundo’ vai falar do impacto destas alterações no futuro da atividade.
Com o clima a aquecer, estamos preparados para fazer uma viticultura comparável com o Norte de África? Quais são os dados climáticos nestes países e quais as medidas de mitigação que estão a adotar? João Prada, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e membro do grupo de trabalho do projeto VineProtect (um consórcio que junta quatro países – Portugal, Itália, Marrocos e Turquia – para desenvolver práticas sustentáveis de mitigação às alterações climáticas) vai partilhar os cenários possíveis.
4. Mitigar ou regenerar?
Quando falamos na adaptação à nova realidade climática, existe uma diversidade de técnicas que podem, e devem, ser colocadas em prática. Gilberto Lopes, Field Expert da Syngenta vai apresentar algumas ferramentas digitais que podem apoiar os viticultores na tomada de decisão com vista à eficiência na gestão de recursos e sustentabilidade.
Mas quando falamos em resiliência e regeneração dos ecossistemas, fica a questão: é possível converter áreas degradadas em solos saudáveis? A resposta é sim! Helena Manuel, da Herdade dos Lagos, vai partilhar um caso de sucesso que prova que nem tudo passa pela mitigação, e que é possível transformar ‘um deserto num oásis’.
5. Sustentabilidade e eficiência: quais as melhores práticas?
Na vinha e na adega, a procura das melhores abordagens e práticas é constante. Gerir a biodiversidade, os fluxos de resíduos e a eficiência hídrica e energética é um desafio diário numa empresa vitivinícola. A nossa anfitriã Herdade da Lisboa vai dar a conhecer a estratégia desta adega, que já conta com a certificação em Produção Sustentável da CVRA. Ricardo Xarepe Silva, enólogo da Herdade, vai conduzir a apresentação.
6. O que podemos esperar da regulamentação sobre vinho e saúde?
As tendências de mercado apontam para o consumo de vinhos mais leves e até desalcoolizados. Mas a pressão internacional, em especial na Europa, vai mais longe. Para além das declarações nutricionais que passam a ser obrigatórias, países como a Irlanda tentam restringir o consumo de álcool com medidas mais radicais, que passam pela indicação de risco para a saúde nos rótulos de todas as bebidas alcoólicas, onde se inclui o vinho. Pode esta medida ser contagiante? O que pode o setor fazer para se preparar para a generalização ou obrigatoriedade destas menções? Uma mesa redonda para refletir e perspetivar o futuro que junta Marcos Araujo, Head of Unit Safety & Health da OIV; Francisco Mateus, presidente da CVRAlentejo, Paulo Amorim, presidente da ANCEVE e o nutricionista e professor na Faculdade de Medicina de Lisboa, José Camolas.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.