A Organização das Nações Unidas, ONU, ( e agora a FAO) reconhece a importância “multifuncional” da Agricultura Familiar e consagrou 2014 como “Ano Internacional da Agricultura Familiar, AIAF” o que é positivo.
Pois, daí para cá, deu em moda falar-se em Agricultura Familiar e, de repente, várias “famílias” – sendo embora titulares de grandes empresas do agro-negócio – parece que consideram “chic” apresentarem-se como empresárias(os) da “agricultura familiar”. Aliás, até cabeças bem coroadas como o Príncipe Carlos de Gales também “surfam nessa onda”…
Entre nós, o governo apanhou boleia e anda a ensaiar umas iniciativas, onde a propaganda já abunda, supostamente destinadas a assinalar a efeméride.
Assim, o governo foi até à Assembleia da República – mas sem convidar os Partidos Políticos – para daí lançar oficialmente o programa das comemorações do AIAF.
A seguir, o governo criou uma ainda inactiva “Comissão Executiva” para as Comemorações do Ano Internacional da Agricultura Familiar, AIAF, presidida pelo Secretário de Estado da Floresta e Desenvolvimento Rural, onde também encaixou representantes da “sociedade” dita “civil”. Tudo bem, se entretanto já não houvesse certa “gente”, digamos que com acesso privilegiado à informação, a concretizar iniciativas “oficiosas” neste âmbito do AIAF…
E criada foi também uma “Comissão de Honra” para este mesmo efeito das comemorações do AIAF. Propõe-se que quem quiser vá até ao “Google” pesquisar a respectiva composição. Poderá, então, constatar que nessa tal “Comissão de Honra” para as comemorações do AIAF, estão alguns dos principais responsáveis (anteriores e actuais) pelo “assassinato” de centenas de milhar de explorações agrícolas familiares ou seja, estão lá alguns dos governantes e principais mentores-executores das más políticas agrícolas e de mercados – das PAC às políticas de matriz nacional – que têm arruinado, sem dó nem piedade, a Agricultura Familiar Portuguesa ( e não só a Portuguesa).
Mas a “curiosidade” – e a estranheza – aumentam ao constatar-se que, se calhar em representação da “sociedade” dita “civil”, apenas lá está, nesta “Comissão de Honra”, o presidente de uma tal “Rede AGA KHAN para o Desenvolvimento em Portugal”, por cá já equiparada a IPSS ! Pois então, “gente” (aparentemente) fina. Dos eméritos “competitivos”, note-se.
Propõe-se também que quem quiser volte ao “Google”, desta vez para pesquisar o que lá vem sobre a “Fundação (“familiar”) Aga Khan”. A sua proveniência ligada ao Chá da Pérsia – da Pérsia, hoje Afeganistão – com posição ligada aos “ímanes ismailitas nazaristas” (muçulmanos) e, por exemplo na Índia, aos velhos imperialistas Britânicos. “Família” poderosa a dos Aga khan. Das mais ricas do mundo por onde espalha os seus negócios mais escusos…sempre cobertos por um manto diáfano de “altruísmo”… E em Portugal também assim é, apesar de até terem ido “à benção” da Igreja Católica Portuguesa usufruir de uma conveniente “parceria” com o Patriarcado de Lisboa.
Mas, às tantas, às tantas, será que os Aga Khan têm, ou querem ter, alguma “exploração familiar”…de papoulas…para instalar no Alqueva, como agora também é moda ?…
Portanto, da nossa parte – que até estamos na “Comissão Executiva” para as comemorações do AIAF – muita honra temos nós em não estar na “Comissão de Honra” para o mesmo efeito.
A 3 de Abril, todos a Lisboa com a CNA!
Em defesa da Agricultura Familiar! Em defesa do Mundo Rural Português!
E enquanto uns se entretêm a brincar em torno do AIAF, a CNA e Filiadas – Sempre com os Agricultores – vão realizar, a 3 de Abril, uma grande Manifestação Nacional da Agricultura Familiar e do Mundo Rural.
A protestar, nas ruas de Lisboa, contra o programa de desastre nacional das tróikas e do governo. A reclamar “Por melhores políticas agro-rurais” e “Por outro governo capaz de as promover !”.
20 Março 2013
…
E em jeito de complemento:
Entretanto, a “Comissão Executiva” do AIAF reuniu pela primeira vez a 28 de Março. Aliás, uma reunião que não correu nada bem. É a vida…
Mas sempre ficámos a saber que o Governo não destinou qualquer verba para apoiar iniciativas, da tal “sociedade civil”, a integrar no AIAF, o que dá ideia da efectiva falta de vontade política do Governo em dignificar o AIAF.
Porém, mesmo depois de perguntarmos, ao Governo, até quase à exaustão – e vamos perguntar mais vezes ainda – continuamos sem saber por que razão concreta, relacionada com Agricultura Familiar, afinal, a tal “família” dos Aga Khan aparece na “Comissão de Honra” para as comemorações, em Portugal, do AIAF. Pois, ainda que haja algum motivo para isso, embora “escondido” do comum mortal, subsiste o problema do Governo não ter tido idêntica consideração para com qualquer Entidade (privada) Portuguesa, e há-as que o merecem pela sua reconhecida intervenção pública na matéria. Ai, ai… Até apetece classificar estas “tropelias” governamentais como servilismos bacocos…
2 de Abril, 2014
João Dinis